Yair Lapid, o líder do partido moderado israelense Yesh Atid, que avançou de forma espetacular nas eleições legislativas, está no centro das negociações nos bastidores para formar o próximo governo que deve ser liderado pelo primeiro-ministro Benjamin Netanyahu.
Antes do anúncio dos resultados oficiais das eleições, esperado para esta quinta-feira, a imprensa especulava sobre o posto que "Bibi" Netanyahu dará a Yair Lapid, do partido centrista criado há apenas um ano.
O ex-jornalista e estrela da TV pode se tornar ministro das Relações Exteriores ou das Finanças.
"Será ele quem ditará as regras do jogo", comentou o jornal Haaretz.
Um dos 19 deputados do Yesh Atid, Ofer Shelah, ressaltou que a prioridade para Yair Lapid é impor uma divisão igual do "fardo", em referência a um projeto de lei que prevê um serviço militar ou civil obrigatório aos jovens judeus ultra-ortodoxos, que em sua maioria ficam isentos.
Esta reivindicação pode complicar Netanyahu, que deseja se aproximar dos partidos ultra-ortodoxos Shass (11 deputados) e Judaísmo Unificado da Torá (7), opostos a um recrutamento "forçado" dos ultra-ortodoxos.
Sobre a questão palestina, Netanyahu deverá optar entre Lapid, que propõe a volta das negociações de paz paralisadas desde setembro de 2010, e Naftali Bennett, líder do Lar Judeu (11 deputados eleitos), partido nacionalista religioso partidário de uma aceleração da colonização em territórios palestinos.
O ex-ministro das Relações Exteriores e líder do Partido ultranacionalista Israel Beiteinu, Avidgor Lieberman, aliado eleitoral de Netanyahu, afirmou por sua vez que o "próximo governo deve se concentrar nas questões internas, já que sobre o processo político, não há pontos comuns entre Yesh Atid, Israel Beiteinu e Lar Judeu".
- Questão palestina -
Ofer Shelah tentou negar que o Yesh Atid negligencia o processo de paz. "É errado dizer que o processo político não é importante para nós. Fizemos do relançamento deste processo uma das condições para nossa entrada no governo", assegurou à rádio pública este novo deputado.
Lapid, no entanto, não mencionou as negociações israelo-palestinas em seu breve discurso pós-eleitoral. Ele apenas afirmou estar "feliz de ter ouvido o primeiro-ministro falar de igualdade e da necessidade de proteger as classes médias, ajudando-as com moradia e educação", algo que, segundo ele, sua formação defende.
Durante a campanha, manifestou apoio ao princípio de dois Estados, ou seja, a criação de um Estado palestino.
Ele acredita que Israel deve manter os grandes blocos de assentamentos, onde vivem a maioria dos cerca de 340 mil colonos israelenses na Cisjordânia, e se disse hostil a concessões sobre Jerusalém Oriental ocupada e anexada. Se opõe à criação de novos assentamentos, mas defende a construção de moradias nos assentamentos já existentes.
De acordo com a rádio pública, Netanyahu, que promove a colonização, poderia levar em conta essas posições, concordando em fazer "gestos em direção aos palestinos".
"Mas nem Netanyahu nem Lapid acreditam na possibilidade de um acordo de paz com os palestinos", afirma Chico Menashe, comentarista político.
A crise nuclear iraniana não deve, no entanto, necessariamente tornar-se um ponto de discórdia.
Segundo Chico Menashe, "Netanyahu sabe que a bola está no campo de Barack Obama e que as pressões exercidas com a ameaça de um ataque militar israelense contra as instalações nucleares iranianas têm enfraquecido". Lapid disse que se opunha a esse tipo de ataque.