Partidários do presidente Hugo Chávez brandiam com alegria as primeiras fotografias do líder desde a cirurgia contra um câncer há dois meses, enquanto opositores afirmavam que as imagens eram evidências preocupantes do vácuo político venezuelano.
Numa primeira prova de vida desde sua operação de seis horas em Cuba em 11 de dezembro, autoridades publicaram quatro fotografias na sexta-feira que mostravam Chávez deitado numa cama hospitalar, sorrindo próximo a suas filhas.
Destacando a gravidade da situação, no entanto, um comunicado disse que o líder socialista de 58 anos de idade respirava por meio de um tubo traqueal e tinha dificuldade para falar.
Em horas, as fotos estavam à venda nas ruas de Caracas, onde alguns dos passionais partidários de Chávez pressionavam-nas contra seus corações como se fossem amuletos.
"Não importa se ele não consegue falar. Entendemos sua mensagem", disse Aniluz Serrano, 57, que vendia versões impressas da foto na praça Bolívar, nomeada em honra ao herói da independência da Venezuela e ídolo de Chávez, Simón Bolívar.
"Quando eu vi essa foto, eu pensei: 'que bonito, ele está pedindo que as pessoas continuem a lutar'. Quando eu vejo esse sorriso, eu vejo Cristo, eu vejo Simón Bolívar".
Mas líderes da oposição viam um otimismo, dizendo que Chávez exibia óbvia fragilidade, e renovaram pedidos por informações mas detalhadas sobre sua condição e sua capacidade de liderar.
Se ele for declarado incapaz de governar, uma eleição será convocada em 30 dias, provavelmente opondo o vice-presidente, Nicolás Maduro, contra o líder da oposição e governador estadual Henrique Capriles.
Capriles perdeu uma eleição presidencial em outubro, e a coalizão de oposição enfrenta dificuldades para permanecer unida, com alguns pressionando por uma postura mais militante em relação à ausência de Chávez.
"A soberania venezuelana está sendo concedida ao governo cubano", disse à Reuters uma das líderes de oposição mais estridentes, Maria Corina Machado, em reação às fotos.
"É óbvio que as fotos têm como objetivo fazer o mundo acreditar que Hugo Chávez está encarregado do governo, mas o que elas fizeram é precisamente o oposto... Eu gostaria de fazer uma pergunta a qualquer cidadão democrático do mundo: você consegue imaginar uma situação em que você passa 69 dias sem uma palavra de seu presidente"?
Reuters