Dezenas de ativistas do partido islamita Ennahda, no poder na Tunísia, começaram na manhã deste sábado a protestar na capital para defender o direito de seu movimento a dirigir o governo.
Os manifestantes marcharam pela avenida Habib Bourguiba gritando "O povo quer um Ennahda de ferro" e "Apoiar o Ennahda é um dever".
Também vaiaram o ex-primeiro-ministro Beji Caid Essebsi e seu partido Nidaa Tounes, que afirma ser uma alternativa ao movimento islamita.
A manifestação precede outra convocada pelo Ennahda para a tarde deste sábado com o objetivo de denunciar a iniciativa de seu próprio primeiro-ministro, Hamadi Jebali, de formar um governo de tecnocratas.
Depois de ter se reunido com os chefes dos principais partidos, Jebali anunciou na sexta-feira novas consultas para segunda-feira sobre sua iniciativa, o que adia a composição do gabinete e prolonga a crise política no país.
Anulou, assim, sua decisão de fixar para este sábado a data limite para o anúncio de um governo formado por tecnocratas.
Neste sábado, a Liga de Proteção da Revolução (LPR), acusada de ser uma milícia vinculada ao Ennahda, anunciou que seu presidente, Mohamed Maalej, havia renunciado para formar um partido político.
"O gabinete executivo aceitou a renúncia do presidente do LPR, Mohamed Maalej", afirmou esta organização em sua página no Facebook.
O Ennahda é um grupo islamita fundado em 1981 por seu chefe histórico, Rached Ghannouchi, e durante muito tempo foi reprimido na Tunísia. Após a revolução de 2011 e as primeiras eleições livres, ele se impôs como o principal partido do país.
Após a queda do regime de Zine El Abidine Ben Ali, Ghannouchi retornou à Tunísia e foi recebido com todas as honras por milhares de simpatizantes.
Seu partido venceu as eleições de 23 de outubro de 2011 com aproximadamente 41% dos assentos da Assembleia Nacional Constituinte (ANC).
Devido a estas eleições, o Ennahda tomou o comando dos ministérios mais importantes do país, como do Interior, Justiça e Relações Exteriores.