O presidente do Equador, Rafael Correa, foi reeleito por ampla margem para continuar sua "revolução" socialista, mas deverá tentar conciliar isso com a busca por mais investimentos estrangeiros.
O combativo economista, de 49 anos, derrotou seu principal rival na votação de domingo com mais de 30 pontos percentuais de vantagem. No poder há seis anos, ele terá agora mais quatro anos de mandato.
"Vamos apresentar o que puder ser útil, onde pudermos melhor servir aos nossos concidadãos e aos nossos irmãos latino-americanos", disse Correa a simpatizantes que celebravam em frente ao palácio presidencial, em Quito, agitando as bandeiras verde-neon do partido Aliança País.
"Esta não é só uma vitória para o Equador, é uma vitória para a grande pátria da América Latina", disse Correa, radiante.
Com a atual doença do venezuelano Hugo Chávez, Correa se torna a mais inflamada voz latino-americana no combate ao livre mercado, mas a continuidade do sucesso do socialismo na região depende em grande parte da manutenção de generosos programas sociais, aproveitando o valor elevado das matérias primas produzidas por esses países. Por isso, Correa precisa elevar a produção de petróleo, que ficou estagnada, e incentivar o nascente setor minerador.
Num sinal de que pretende aprofundar suas reformas socialistas, a pauta legislativa de Correa inclui uma nova lei que regulamentaria o conteúdo das TVs e jornais, o que é parte do seu confronto com meios de comunicação oposicionistas. Ele também planeja implementar uma reforma agrária.
Por outro lado, o governo busca mudanças na lei de mineração para facilitar um acordo com a empresa canadense Kinross para o desenvolvimento de uma grande jazida de ouro. Será um importante teste para a sua capacidade de oferecer segurança aos investidores, mas sem que o Estado abra mão de uma grande parcela do facturamento.
Correa dedicou sua vitória de domingo a Chávez, que horas depois desembarcou em Caracas após dois meses se tratando de um câncer em Cuba.
Em nota do governo venezuelano, Chávez disse que o resultado foi "uma vitória da Alba (bloco esquerdista liderado por ele), para as forças bolivarianas e socialistas da nossa América, e irá ajudar a consolidar uma era de mudança".
Seis outros candidatos disputaram a eleição presidencial equatoriana, incluindo o ex-governista Alberto Acosta, o ex-presidente Lucio Gutierrez e o magnata Alvaro Noboa, que fazia sua quinta tentativa.
Ao receber 23 por cento dos votos, o ex-ministro Guillermo Lasso se consolidou como o principal rosto da oposição a Correa, um político acusado por rivais de ser perigosamente autoritário, de perseguir a imprensa livre e de controlar instituições estatais.