O primeiro-ministro búlgaro, Boiko Borissov, eleito por um partido de centro-direita, anunciou nesta quarta-feira a demissão do Governo, após dez dias de manifestações contra o preço da electricidade, dias que ficaram marcados pela violência.
“Nós temos dignidade e honra. Foi o povo que nos deu o poder, hoje percebemo-lo”, afirmou Borissov, eleito em 2009 pelo partido Cidadãos pelo Desenvolvimento Europeu da Bulgária. O primeiro-ministro cessante sublinhou ainda que não fará parte do governo interino que irá dirigir o país até às próximas eleições legislativas – que estavam previstas para Julho mas que poderão ser agora antecipadas algumas semanas.
“Não participarei num Governo quando a polícia bate no povo e quando as ameaças de protestos substituem o debate político”, argumentou na manhã desta quarta-feira, no Parlamento búlgaro. A demissão de Borissov e do Governo será formalmente apresentada ao meio-dia, depois de uma última reunião do Executivo.
Os protestos contra o preço da electricidade, que duravam há dez dias, tinham-se tornado mais violentos na véspera. Só entre terça e quarta-feira de manhã houve registo de 28 feridos na capital, Sofia, cuja autarquia foi, no passado, liderada por Borissov. Cinco dos feridos são polícias, os outros eram manifestantes. E na manhã em que o primeiro-ministro anunciou a demissão um homem tentou imolar-se pelo fogo, em frente à câmara municipal de Varna (no leste do país).
O homem de 36 anos foi socorrido e está agora internado num hospital local em estado crítico, com queimaduras em 80% do corpo. Na véspera, um outro homem imolou-se pelo fogo em Veliko Tarnovo, uma cidade na zona centro. Segundo a polícia, sofria de perturbações mentais.