O soldado norte-americano preso há mais de mil dias como suspeito de ter passado grandes quantidades de informação classificada do Pentágono e do Departamento de Estado norte-americano à WikiLeaks deu-se esta quinta-feira como culpado de dez das acusações menos graves que está a enfrentar num tribunal militar. Mas enfrenta ainda a acusação de “ajudar o inimigo”, a acusação mais grave, que lhe pode valer 20 anos na prisão.
O juiz autorizou-o a ler uma declaração na sessão do tribunal militar. Disse acreditar que as comunicações entre embaixadas e o Departamento de Estado que entregou à Wikileaks seriam embaraçosas para os Estados Unidos, mas não seriam danosas para a diplomacia norte-americana, relata no Twitter o jornalista do Guardian Ed Pilington. Disse ainda que tentou entregar estes ficheiros aos jornais Washington Post e New York Times, mas que estes não o levaram a sério – avançou no site de microblogging o jornalista do Daily Telegraph Raf Sanchez, que está a assistir a esta sessão prévia ao julgamento de Manning – que só começará verdadeiramente a 3 de Junho.
“Acreditava que o público (…) tinha direito a ter acesso à informação (…) que isto poderia desencadear um debate a nível nacional sobre o papel do exército e sobre a política exterior em geral”, afirmou Manning, citado pela Reuters. “Senti que tinha feito algo que me permitia ter uma consciência limpa”, afirmou, descrevendo os seus sentimentos depois de ter realizado o que é classificado como a maior fuga de informação da história.
Há um mês, o juiz que preside ao seu julgamento determinou que a eventual sentença de Manning, um soldado de 25 anos, seria reduzida em 112 dias em compensação do tratamento duro que sofreu durante o tempo que tem estado preso. Na base da marinha em Quantico, na Virgínia, onde esteve detido, foi colocado durante alguns períodos em solitária durante 23 horas por dia, com os guardas da prisão a verificarem como de poucos em poucos minutos.
Nos últimos tempos foi transferido para uma prisão de segurança média, no Kansas.