A Terra caminha para se tornar, nas próximas décadas, mais quente do que nos últimos 11.300 anos, segundo as previsões mais otimistas de emissões de dióxido de carbono (CO2), segundo uma pesquisa publicada nos Estados Unidos.
Com base em análises realizadas em 73 lugares ao redor do planeta, os cientistas conseguiram reconstruir a história das temperaturas terrestres após o fim da era do gelo, por volta de 11.000 anos atrás.
Os cientistas concluíram que os últimos dez anos foram os mais quentes, comparados com 80% dos 11.300 anos passados.
Praticamente todos os modelos climáticos avaliados pelo Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC) mostram que a Terra será mais quente - não importa em que momento até o fim do século - do que nos 11.300 anos anteriores, segundo as previsões mais factíveis de emissões de gases de efeito estufa.
"Já sabíamos que a superfície da Terra é mais quente hoje do que durante a maior parte dos dois mil últimos anos; agora sabemos que as temperaturas são hoje mais altas do que na maior parte dos últimos 11.300 anos passados... (período) que corresponde ao desenvolvimento da civilização humana", revelou Shaun Marcott, pesquisador da Universidade Estatal de Oregon (noroeste dos Estados Unidos) e principal autor deste trabalho, publicado na edição de sexta-feira da revista Science.
A história do clima mostra que no curso dos últimos 5.000 anos, a Terra esfriou 0,80 grau Celsius, mas voltaram a subir há 100 anos, particularmente no hemisfério norte, onde há mais extensões de terra e maior concentração populacional.
De acordo com modelos climáticos, a temperatura média global ainda aumentará, em média, entre 1,1 e 6,3 grau Celsius até 2100, dependendo da quantidade de emissões de dióxido de carbono (CO2) procedentes de atividades humanas, informaram os pesquisadores.
"O mais preocupante é que este aquecimento será claramente maior do que qualquer período nos últimos 11.300 anos", segundo Peter Clark, paleo-climatologista na Universidade Estadual do Oregon e co-autor do estudo.
A posição da Terra com relação ao sol, especificamente sua inclinação, foi o principal fator natural que afetou as temperaturas nos últimos 11.300 anos, explicaram os cientistas.
"Durante o período mais quente do Paleoceno - os 11.000 últimos anos - a Terra estava em uma posição que tornava os verões mais quentes no hemisfério norte", afirmou Shaun Marcott.
"Com a mudança desta orientação, os verões no hemisfério norte refrescaram e deveríamos estar ainda hoje neste longo período de resfriamento, que não é o caso", acrescentou.
Todos os estudos concluem que o aquecimento nos últimos 50 anos resulta da atividade humana e não de fenômenos naturais.