A Bulgária, única aliada da Alemanha nazista que salvou seus 48.000 judeus dos campos de concentração, reconheceu pela primeira vez, nesta sexta-feira, sua responsabilidade no extermínio de 11.000 judeus nos territórios da Grécia, Macedônia e Sérvia que ocupou e administrou durante a Segunda Guerra Mundial.
"Não se pode questionar o fato de que 11.343 judeus foram deportados do norte da Grécia e do reino da Iugoslávia que se encontravam sob jurisdição alemã. Condenando este ato criminoso dos comandantes hitleristas, lamentamos que a administração búlgara não tenha podido detê-lo", admitiu o Parlamento búlgaro em uma declaração adotada por unanimidade.
No dia 13 de março, será realizada pela primeira vez uma cerimônia comum na presença de representantes governamentais búlgaros, macedônios e gregos no porto de Lom, sobre o Danúbio, por onde as deportações de judeus dos territórios ocupados começaram em 1943.
Por outro lado, o parlamento classificou nesta sexta-feira a salvação de 48.000 judeus búlgaros "de acontecimento destacado, que mostra a tolerância e o sentido de justiça do povo búlgaro".
No dia 9 de março de 1943, trens de mercadorias estavam prontos para realizar a deportação de 9.000 judeus búlgaros em direção aos campos de extermínio nazistas na Polônia. Foi Dimitar Peshev, vice-presidente do parlamento e deputado do partido governamental, que protestou publicamente contra o projeto de deportação, o que impediu a marcha dos comboios. A Igreja cristã ortodoxa, intelectuais, o Partido Comunista, então clandestino, organizaram manifestações solidárias e o rei Boris III adiou sine die a deportação de judeus.