Investigadores japoneses conseguiram, pela primeira vez, extrair gás de depósitos submarinos de hidratos de metano – uma forma alternativa de combustível fóssil conhecida como “o gelo que arde”.
São compostos contendo metano e água, sob a forma de gelo, que se encontram tanto em terra, em solos congelados (permafrost), como no leito dos oceanos. Desde 2001 que o Japão vem investindo fortemente na investigação sobre o aproveitamento deste recurso natural, como uma potencial solução para reduzir a dependência praticamente total do país em relação à importação de fontes energéticas.
A empresa nacional que gere a exploração mineira – Japan Oil, Gas and Metal Corporation – conseguiu extrair gás de depósitos ao largo da península de Astumi, a cerca de 50 quilómetros da costa centro-sul do país. “Queremos dar fiabilidade às tecnologias, com o objectivo de se chegar a uma exploração comercial”, disse o ministro da Indústria, Toshimitsu Motegi, numa conferência de imprensa, citado pela agência AFP.
As reservas existentes nesta região seriam teoricamente suficientes para 11 anos de consumo de gás natural no país. É um dado relevante, não só pela dependência energética do Japão, como pela crise gerada com o acidente nuclear de Fukushima. Desde então, quase todos os 50 reactores do país foram encerrados para testes de segurança. No ano passado, o país importou cerca de 87 milhões de toneladas de gás natural.
Os hidratos de metano são conhecidos há muito tempo, mas o seu aproveitamento depende ainda do desenvolvimento tecnologias viáveis. A empresa mineira japonesa já tinha testado, em 2002, uma tecnologia de extracção baseada na circulação de água quente. Seis anos mais tarde, teve sucesso com outro método, de despressurização, conseguindo extrair metano de reservas de camadas profundas do permafrost no Canadá.
Agora, aplicou a mesma tecnologia com sucesso no fundo do mar, em reservas que podem vir a ser exploradas comercialmente.
Os hidratos de metano são mais um dos chamados combustíveis fósseis “não-convencionais”, que podem vir alterar o cenário energético mundial. Pelo menos dois destes novos combustíveis, o gás e o petróleo de xisto, estão já a ser explorados comercialmente em grande escala nos Estados Unidos, com reflexos no mercado mundial dos combustíveis fósseis.