A Alemanha já não afasta completamente a hipótese de fornecer armas à oposição síria e pode juntar-se à França e ao Reino Unido na defesa do levantamento do embargo decretado pela União Europeia, noticiou esta sexta-feira o jornal Süddeutsche Zeitung. No terreno, a violência continua: na quinta-feira à noite um atentado-suicida matou 49 pessoas, incluindo um líder religioso pró-regime.
O ministro dos Negócios Estrangeiros, Guido Westerwelle, disse esta sexta-feira ao diário alemão que o Governo está a ponderar se a proibição, em vigor, de fornecer armas aos rebeldes que combatem o regime de Bashar al-Assad é uma boa ideia. Mas ainda não mudou de opinião: "A Alemanha continua reticente sobre a ideia de fornecer armas à oposição", esclareceu o ministro à entrada para a reunião informal de ministros do Negócios Estrangeiros europeus que decorre hoje em Dublin.
A Alemanha estarádisposta a um compromisso que permita o levantamento do embargo da União Europeia e o consequente fornecimento de armas à oposição, como pretendem a França e o Reino Unido, que já disseram que tomarão a iniciativa por si, caso os parceiros europeus não mudem de ideias, avançava o jornal. A Alemanha teme uma escalada da violência que torne o conflito sírio ainda mais mortífero.
Westerwelle disse que a abordagem militar “é compreensível mas limitada” e o melhor seria, por exemplo, apoiar os cidadãos fornecendo água, luz e cuidados médicos em “áreas controladas pela oposição”.
"É uma questão muito difícil, mas penso que vamos conseguir encontrar uma posição comum. É decisivo que a União Europeia permaneça unida. Quanto mais estivermos unidos, maior será a nossa influência", precisou Westerwelle à entrada para a reunião de Dublin, citado pela AFP.
Mas não se espera que a União Europeia tome decisões sobre este assunto antes de 31 de Maio, quando expiram uma série de sanções contra a Síria, entre as quais as relativas ao embargo da venda de armas, impostas à Síria durante dez anos.
Atentado mata religioso pró-regime
Na quinta-feira, um importante líder religioso sunita pró-regime, o xeque Mohammad Saïd al-Bouti, e pelo menos 48 fiéis, entre os quais o neto, foram mortos num atentado-suicida contra uma mesquita no Norte de Damasco em que foram também feridas 84 pessoas, noticiou a televisão estatal. O número inicialmente avançado pelo Observatório Sírio dos Direitos Humanos indicava pelo menos 15 mortos e dezenas de feridos.
Mohammad Saïd al-Bouti, 84 anos, doutorado em ciências islâmicas pela Universidade Al-Azhar, do Cairo, fazia todas as semanas um sermão na televisão. Considerava os opositores do regime “escória” e chamava-lhes “mercenários”. O Exército Livre Sírio, que reúne grupos de combatentes oposicionistas, informou que não é responsável pelo ataque.
Numa reacção ao atentado, Bashar al-Assad prometeu "limpar" o país. "Juro ao povo sírio que o teu sangue, o do teu neto e o de todos os mártires da pátria não foi derramado em vão, seremos fiéis às tuas ideias destruindo o obscurantismo e a sua descrença até limparmos o país", disse, citado pela AFP.