Depois de mais de quatro anos de exílio – e apesar de ter recebido ameaças de morte dos taliban – o ex-presidente Pervez Musharraf regressou ao Paquistão na manhã deste domingo.
O voo de Musharraf, que esteve no poder entre 1999 e 2008 e que tenciona participar nas eleições gerais de 11 de Maio, chegou por volta das 13h locais (8h em Lisboa) a Carachi, no Sul do país, vindo do Dubai. O regresso de Musharraf acontece numa altura de grande tensão, com ameaças de morte dos taliban paquistaneses, caso voltasse a entrar no país.
“Não me sinto nervoso, mas estou preocupado com alguns desconhecidos [com ligações] ao terrorismo e ao extremismo, com os procedimentos judiciais [em curso, contra ele] e com o meu resultado nas eleições”, disse Musharraf antes de deixar o aeroporto do Dubai.
Mushararraf pôde regressar ao país depois de ter feito um acordo judicial - ele está acusado de não ter garantido a segurança da antiga primeira-ministra Benazir Bhutto, assassinada num atentato em 2007. Bhutto era casada com o actual Presidente da República, Asif Ali Zardari, e dirigia o Partido dp Povo do Paquistão, que está no poder.
Em Carachi, está previsto que se encontre com os seus partidários ainda no aeroporto, por volta das 17h locais. A escolha do local está relacionada com questões de segurança: por causa das ameaças de morte que recebeu, as autoridades não autorizaram que o encontro decorresse junto ao túmulo do fundador do Paquistão, Mohammed Ali Jinnah, onde Musharraf tinha inicialmente pensado.
O Movimento dos Taliban do Paquistão (TTP), grupo com ligações à Al-Qaeda que tentou impedir o regresso do ex-presidente ao país com ameaças de morte, critica a aliança do Paquistão com os Estados Unidos iniciada por Musharraf depois dos atentados de 11 de Setembro de 2001. Os taliban do Paquistão têm sido apontados como os principais responsáveis pela vaga de atentados que desde 2007 já levaram à morte de mais de 5700 pessoas. Enquanto Presidente, Musharraf já escapou de três.
Depois de ter chegado ao poder com um golpe de Estado, em 1999, foi forçado a renunciar em 2008, depois de o seu partido ter perdido as eleições. Desde então que tem vivido entre Londres e o Dubai. Agora regressa para se apresentar como uma “alternativa” nas eleições do próximo dia 11 de Maio. Mas segundo os analistas já terá perdido a sua base eleitoral e dificilmente perturbará o resultado do sufrágio.