O Presidente italiano, Giorgio Napolitano, negou neste sábado as notícias que davam a sua demissão como iminente e disse que continua à procura de uma forma de quebrar o impasse político que se vive no país há mais de um mês.
"Vou continuar até ao último dia do meu mandato a fazer o que o meu sentido de responsabilidade me manda, sem me esconder das dificuldades do país e daquilo que enfrento", disse Napolitano, citado pela Reuters, no palácio presidencial do Quirinale (Roma).
De seguida, anunciou que vai pedir a "dois pequenos grupos" de especialistas que formulem propostas para a reforma das instituições e da economia, medidas que possam ser aceites por todos os partidos políticos. Uma tarefa difícil e que pode demorar, uma vez que as principais forças políticas (centro-esquerda liderado por Pier Luigi Bersani, centro-direita de Silvio Berlusconi, centro e contestatários do Movimento 5 Estrelas) têm opções diferentes (alguns radicalmente diferentes) para os mesmos problemas.
A demissão de Napolitano era o cenário que a imprensa italiana dava como certo neste sábado, para quebrar o impasse político criado com as eleições de 24 e 25 de Fevereiro. No acto eleitoral não houve um partido a obter a maioria necessária para a formação de um governo e, mesmo depois da mediação de Napolitano, as forças políticas não chegaram a acordo sobre uma forma de executivo (minoritário, de coligação, técnico).
Como Napolitano, de 87 anos, está em fim de mandato, não pode convocar novas eleições. Os jornais e analistas consideravam que a demissão era a forma mais prática de este novelo se desfazer: o seu sucessor, que é escolhido pelo Parlamento e não por eleições directas, poderia marcar rapidamente novas legislativas.
Napolitano não avançou uma data limite para estes grupos de especialistas apresentarem propostas, nem disse como será governada a Itália entretanto – o governo técnico de Mario Monti vai-se fragmentando, já há ministros a demitirem-se. A única certeza é mesmo o dia do fim do mandato do Presidente, 15 de Maio.