A Arábia Saudita irá autorizar clubes desportivos femininos pela primeira vez, num passo importante para um país ultra-religioso onde os clérigos são contra o exercício físico feminino, noticiou, neste sábado, o jornal diário al-Watan.
No ano passado, o reino islâmico conservador – onde as mulheres têm de ter autorização de um parente do sexo masculino para tomarem grandes decisões – enviou atletas femininas para os Jogos Olímpicos, pela primeira vez, depois da pressão de grupos internacionais de direitos humanos. Em Agosto de 2012, em Londres, duas atletas sauditas, uma judoca e uma velocista, tornaram-se nas primeiras a representar o país. Ambas usaram o "hijab" durante as provas.
Até agora, as instalações para a prática de desporto feminino, incluindo ginásios, tinham de ter uma licença por parte do Ministro da Saúde da Arábia Saudita e eram designados como “centros de saúde”.
Em Abril de 2012, o jornal al-Watan, dirigido por um príncipe saudita, reportou que o governo formou um comité ministerial para permitir clubes desportivos para as mulheres. A presidência geral da juventude e do bem-estar, que funciona como um ministério do desporto, só regula clubes masculinos.
Em 2009, um membro do alto conselho dos clérigos da Arábia Saudita disse que as mulheres não deviam praticar desporto para “não perderem a virgindade”. As escolas de raparigas do Estado não têm aulas de desporto.
Em Janeiro de 2013, o rei Abdullah nomeou 30 mulheres para o conselho Shura, um órgão que debate a futura legislação e depois dá um parecer não vinculativo ao governo.
Abdullah é visto como um impulsionador da educação das mulheres e de maiores oportunidades de trabalho, por vezes, em face da oposição de poderosos clérigos conservadores.