As autoridades cipriotas chegaram esta terça-feira a um acordo final sobre o memorando de entendimento com a troika, que exigirá ao país o cumprimento de um plano de medidas até 2018 em troca de um empréstimo de 10 mil milhões de euros. O ministro das Finanças anunciou a sua demissão no final das negociações.
"Chegámos à conclusão do memorando. Este é um desenvolvimento muito importante", afirmou hoje o porta-voz do Governo de Chipre, Christos Stylianides. Para chegar a um acordo com a troika, Chipre teve de avançar para uma profunda reestruturação dos seus dois maiores bancos e que inclui a utilização de uma grande parte dos depósitos acima de 100 mil euros do Banco Laiki e cerca de metade dos depósitos do Banco do Chipre para financiar a operação.Além disso, o país terá de cumprir, até 2018, um plano de consolidação orçamental, que inclui a redução progressiva dos défices orçamentais, num cenário que se prevê seja de recessão profunda na economia. Os detalhes do programa acordado com a troika ainda não foram anunciados.
Logo a seguir ao anúncio do acordo, o ministro das Finanças anunciou a sua demissão. Michael Sarris disse que, com a assinatura do acordo, o mais importante do seu trabalho estava concluído e defendeu que, uma vez que seria uma das pessoas visadas nas investigações criminais às causas da crise lançadas pelo presidente Nicos Anastasiades , o melhor seria apresentar a demissão. "Acredito que para facilita o trabalho [dos investigadores], a atitude correcta é a de colocar a minha demissão à disposição do presidente da República, que foi aquilo que fiz", afirmou o ministro aos jornalistas.
Durante os dias de instabilidade que se viveram em Chipre, Michael Sarris viajou até Moscovo numa tentativa de assegurar um empréstimo financeiro da Rússia, algo que não conseguiu. Foi também Sarris que definiu, em decreto governamental, as restrições aos movimentos de capital que se aplicaram no país no momento da reabertura dos bancos.
Esta terça-feira, Sarris fez uma segunda adaptação aos controlos de capital em vigor, alargando de 5000 para 25.000 euros o tecto imposto às transacções financeiras que podem ser feitas sem a aprovação prévia do banco central e permitindo a utilização de cheques no valor máximo de 9000 euros por mês. Mantém-se em vigor o limite de levantamentos de 300 euros por dia por pessoa e o máximo de 1000 euros que se pode transportar para o estrangeiro. O ministro não disse até quando é que estes controlos estarão em vigor.