O site Wikileaks divulgou 1,7 milhões de telegramas escritos por diplomatas e políticos dos Estados Unidos entre 1973 e 1976. São quase todos da época em que Henry Kissinger era secretário de Estado e conselheiro de Segurança Nacional da Casa Branca.
Julian Assange, fundador do Wikileaks – o site de que o Pentágono tem medo – chamou ao enorme conjunto Biblioteca Pública da Diplomacia Americana. Inclui telegramas, relatórios secretos e correspondência trocada por membros do Congresso. Num conjunto de documentos fica-se a saber que o antigo primeiro-ministro indiano Rajiv Gandhi terá sido contactado para ser o intermediário na venda de aviões militares fabricados pela Scania (empresa sueca) à Índia. Gandhi era, na altura, piloto comercial.
A Scania não ganhou o concurso e quem forneceu os aviões militares à Índia foi a Jaguar.
Outro telegrama, datado de Fevereiro de 1975, dá as primeiras impressões sobre a nova primeira-ministra britânica, Margaret Thatcher. O diplomata que o escreveu diz que é “algo condescendente”, mas que é “honesta e directa”. Não “é conhecida por ser uma pessoa vaidosa”.
“A personificação da classe média britânica tornou-se realidade. Ela é a voz genuína de uma certa burguesia, ansiosa para resolver o problema da destruição do seu poder económico e determinada em travar uma tendência social voltada para o colectivismo”. O diplomata também acrescenta que Thatcher “adquiriu uma imagem de classe social elevada”.
Não há, neste trabalho do Wikileaks, notícias bombásticas em primeira mão, como aconteceu em 2010, quando o mesmo site publicou 250 mil telegramas recentes da diplomacia americana, alguns com matérias em segredo militar. Assange, e outros colaboradores do site, prepararam os documentos, organizando-os e tornando-os facilmente legíveis, mas esta documentação está acessível, ou seja já foi desclassificada e pode ser consultada.
Assange está na embaixada do Equador em Londres desde Junho de 2012. O país concedeu-lhe asilo político, mas não pode deixar o local. O Reino Unido aceitou o pedido de extraditação de Assange da Suécia, onde foi acusado de violação por duas mulheres.