O Presidente do Sudão, Omar al-Bashir, confirmou a sua primeira visita oficial a Juba, a capital do Estado secessionista do Sudão do Sul que se tornou independente em 2011.
A viagem, que segundo a agenda oficial tem como objectivo “promover os laços” entre os dois antigos inimigos, foi adiada durante mais de um ano, por causa de uma disputa sobre o estatuto da região petrolífera entre os dois países vizinhos, que quase reacendeu a guerra civil de cerca de 20 anos.
O conflito, alimentado por divisões étnicas, religiosas e ideológicas, fez mais de dois milhões de mortos.
Em Janeiro de 2012, na sequência de um braço-de-ferro por causa dos custos de transporte e distribuição do petróleo produzido no Sul através do pipeline do Sudão, o Governo de Juba ordenou a paralisação de toda a actividade extractiva, uma decisão que privou o novo país de 98% das suas receitas mas também teve severas consequências para a economia do regime de al-Bashir. Um acordo de princípio foi assinado no mês passado, o que permitiu retomar a produção diária de 350 mil barris de crude por dia.
As negociações para ultrapassar o impasse petrolífero também permitiram definir um quadro institucional para as relações comerciais e financeiras entre os dois países, estabelecer as condições para o movimento e fixação dos seus cidadãos e acertar a retirada de tropas da zona de fronteira – de acordo com uma proposta mediada pela União Africana.
A visita de Omar al-Bashir é encarada como uma prova da normalização das relações entre os dois Estados, que todavia ainda não chegaram a consenso quanto à jurisdição do lucrativo poço de petróleo de Heglig, na região de Abyei, que é reclamada por ambos.