Os responsáveis pela prisão norte-americana em Guantánamo dizem que alguns detidos envolveram-se em confrontos com guardas no momento em que estavam a ser transferidos para celas individuais, numa tentativa das autoridades para controlarem ou porem fim à greve de fome que começou em Fevereiro.
As autoridades norte-americanas decidiram transferir os prisioneiros para celas individuais "para garantir a sua saúde e a sua segurança", lê-se num comunicado do Comando Sul dos Estados Unidos. Os problemas de saúde a que as autoridades se referem são uma greve de fome que muitos dos detidos iniciaram em Fevereiro.
No mesmo comunicado, os responsáveis pela prisão de Guantánamo dizem que os prisioneiros taparam câmaras de vigilância e janelas, e que foi essa acção que levou à intervenção dos guardas prisionais. "É preciso garantir uma monitorização 24 horas por dia, para manter a ordem e a segurança."
"Para restabelecer a monitorização adequada, os guardas entraram nos espaços de vida comunitária do Campo VI para transferir detidos para celas individuais e remover os obstáculos que tapavam câmaras e janelas. O pessoal médico observou depois cada um dos detidos. A greve de fome em curso requeria uma observação médica", lê-se no comunicado.
Os responsáveis norte-americanos dizem que "alguns detidos resistiram com armas improvisadas e, em resposta, foram disparados quatro tiros com armas não letais. Não houve ferimentos graves entre os guardas e os detidos".
O comunicado termina com a garantia de que "todos os detidos vão continuar a ser tratados de uma forma segura e humana".
De acordo com os dados avançados pelo Pentágono, há 43 prisioneiros em greve de fome em Guantánamo, mas os advogados de alguns deles dizem que o número é mais elevado. No início da semana passada, o capitão Robert Durand disse que 11 dos prisioneiros em greve de fome estão a ser obrigados a ingerir líquidos através de tubos inseridos nos seus narizes, uma prática que alguns advogados de detidos em Guantánamo consideram ser tortura.
Não é a primeira greve de fome organizada em Guantánamo, mas acredita-se que é a mais longa e mais abrangente desde 2002, ano em que a prisão foi aberta para receber pessoas que os Estados Unidos suspeitam de terem participado, de alguma forma, em ataques ou no planeamento de ataques contra a sua segurança.