Obama: os Estados Unidos recusam ser aterrorizados

Obama: os Estados Unidos recusam ser aterrorizados

O Presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, insistiu que as autoridades do seu país vão encontrar os responsáveis pelos actos terroristas em Boston e prometeu justiça para as vítimas das explosões junto à meta da maratona da cidade.

“Saibam isto: os cidadãos americanos recusam ser aterrorizados”, declarou na tarde desta terça-feira, desafiando os autores do ataque.

Obama fez uma curta declaração ao país depois de reunir com os responsáveis pelas investigações. As suas primeiras palavras foram de conforto para as vítimas e de respeito para todos aqueles que se comportaram com “heroísmo” perante circunstâncias inimagináveis. “Os maratonistas que continuaram a correr até aos hospitais para dar sangue, as pessoas que rasgaram as suas roupas para fazer torniquetes e assistir os feridos”, enumerou.

Depois, o Presidente salientou que a investigação está em curso e pediu a colaboração para os esforços das autoridades.

“Para já o que sabemos é que foram detonadas duas bombas e que dessas explosões resultaram danos muito consideráveis. Mas não sabemos quem são os responsáveis, se foi o acto de uma organização terrorista, doméstica ou internacional, ou se foi obra de um ou mais indivíduos perturbados. E também não sabemos as razões que estão por detrás destes actos terroristas”, resumiu Barack Obama.

Investigação à escala global

Depois de socorrer as vítimas, a polícia norte-americana procura agora os responsáveis pelas duas explosões junto à linha da meta da maratona de Boston, que na segunda-feira provocaram três mortos e pelo menos 176 feridos, dos quais 17 em estado crítico, segundo o balanço feito nesta terça-feira . O FBI admite estar à procura de ligações terroristas, e já chamou a CIA a participar na investigação.

"Não há ameaças adicionais conhecidas" em Boston, afirmou Richard DesLauriers, agente especial do FBI, a polícia federal norte-americana, na mais recente conferência de imprensa sobre o ataque de segunda-feira.

DesLauriers confirmou que não foram encontrados mais engenhos explosivos, além dos dois que explodiram, uma informação repetida pelo governador de Massachusetts, Deval Patrick. "É importante clarificar que dois, e apenas dois, engenhos explosivos foram encontrados ontem [segunda-feira]". As primeiras informações davam conta que outros engenhos tinham sido encontrados pela cidade, um dado agora desmentido pelas autoridades.

O agente sublinhou que o FBI não recebeu qualquer informação sobre possíveis ameaças antes da maratona, reforçando que não foi detectada, entretanto, "qualquer ameaça iminente". As investigações não vão ser apenas internas, "vão ser a uma escala global", anunciou Richard DesLauriers. "Vamos até ao fim do mundo para identificar quem é ou são os responsáveis por este crime", garantiu.

Taliban dizem não estar envolvidos

Até ao momento, nenhum indivíduo ou organização reivindicou a autoria do ataque. As fontes citadas pelas agências internacionais dizem que os investigadores estão a trabalhar com base em duas teorias: de que o ataque poderá ter partido de grupos de extrema-direita que se têm revelado particularmente activos em protestos contra o pagamento de impostos ou a intervenção do Governo federal; ou então poderá ter sido levado a cabo por militantes islamistas com acesso aos manuais de fabrico de bombas disponibilizados por organizações como a Al-Qaeda para a Península Árabe.

O porta-voz dos taliban do Paquistão, Ahsanullah Ahsan, garantiu que a sua organização não teve qualquer envolvimento com as explosões durante a maratona de Boston. Os taliban ameaçam frequentemente retaliar contra os Estados Unidos por causa do seu apoio ao Governo de Islamabad. Mas num telefonema com a Associated Press, a partir de um local não identificado, aquele dirigente quis deixar claro que os taliban não tiveram nenhuma responsabilidade nem participaram no ataque de segunda-feira.

Também a Irmandade Muçulmana do Egipto fez questão de se demarcar dos acontecimentos de Boston: num comunicado divulgado esta terça-feira, a Irmandade condenou o atentado e endossou condolências às famílias das vítimas e aos Estados Unidos. Sublinhando que a lei islâmica “rejeita firmemente qualquer ataque contra civis, não aceita que se aterrorizem pessoas com base na religião, raça ou género”, os membros da Irmandade Muçulmana manifestaram a sua “solidariedade” com os esforços da comunidade internacional para garantir que estes crimes “nunca mais se repitam”.

FBI sem suspeitas

O comissário da polícia de Boston confirmou, por sua vez, que ninguém ficou detido desde o início das investigações. Apesar de ter sido feita inicialmente uma detenção pela polícia local, o FBI continua sem suspeitos nem pistas relativamente à origem e motivações do ataque.

Esta manhã, o FBI tinha afirmado que decorre “uma investigação criminal que é uma investigação a um potencial acto terrorista”. A segurança será reforçada em Boston durante o dia, mas a cidade vai estar “aberta” e a “funcionar”, garantiu o governador do Massachusetts. No entanto, a área envolvente ao local das explosões permanecerá vedada, “provavelmente durante vários dias”.

As explosões, que ocorreram quase em simultâneo às 14h50 locais, foram provocadas por “engenhos poderosos”, segundo a polícia. As explosões estão a ser consideradas o pior ataque à bomba em solo americano desde os sucedidos com aviões a 11 de Setembro de 2001.