Uma família francesa sequestrada há dois meses no Norte dos Camarões, incluindo quatro crianças com idades entre os cinco a 12 anos de idade, foi libertada quinta-feira à noite. O Presidente François Hollande disse estar “imensamente aliviado” com a libertação e garantiu que o seu Governo, que tem outros oito cidadãos reféns de grupos armados no Norte de África, não pagou qualquer resgate.
Tanguy Moulin-Fournier, funcionário da eléctrica francesa GDF Suez, um irmão, a mulher e os quatro filhos foram sequestrados quando regressavam à capital, Yaondé, após uma viagem de férias ao parque nacional Waza, no extremo Norte do país.
A zona fica próxima da fronteira com a Nigéria e, num vídeo divulgado dias depois da sua captura, os reféns diziam estar em poder do Boko Haram, grupo por trás de uma sangrenta campanha pela criação de um estado islâmico naquela região. Nessa gravação, e noutra divulgada em Março, os sequestradores exigiam a libertação de companheiros presos nos Camarões e na Nigéria.
A libertação foi anunciada pelo Presidente camaronês, Paul Biya, num comunicado em que adiantava apenas que a família, tinha sido “entregue às autoridades” nacionais na quinta-feira à noite e estava “sã e salva”. A libertação, revelou depois o Ministério dos Negócios Estrangeiros, aconteceu “numa zona entre a Nigéria e os Camarões” e a família foi levada sob forte escolta para a embaixada francesa na capital. “As crianças estão bem. Estamos tão felizes por poder regressar” disse à AFP Moulin-Fournier, já em Yaondé ao lado da mulher, Albane, e do irmão, Cyril.
O chefe da diplomacia francesa, Laurent Fabius, partiu de imediato para os Camarões com a missão de trazer a família de regresso a França.
Em Paris, Hollande agradeceu a colaboração das autoridades camaronesas e nigerianas, sem adiantar mais pormenores, dizendo que a discrição é essencial para garantir a eficácia deste tipo de negociações. Mas quando questionado sobre o pagamento de um eventual resgate, o Presidente foi contundente, reafirmando o princípio que estabeleceu no início do seu mandato e que corta com uma prática que durante anos serviu para financiar os grupos jihadistas no Norte de África: “A França não paga resgates”.