Suspeito de atentado de Boston pode enfrentar pena de morte

Suspeito de atentado de Boston pode enfrentar pena de morte

O suspeito dos atentados na maratona de Boston que foi detido na sexta-feira pela polícia pode vir a enfrentar a mais pesada das condenações: a pena de morte. Apesar de no estado de Massachusetts a pena de morte ter sido abolida há vários anos, há uma lei federal que prevê excepções para casos de terrorismo ou utilização de armas de destruição em massa. Resta saber quais serão os termos da acusação que as autoridades estão a preparar para Dzhokhar Tsarnaev, de 19 anos.

O mais novo dos irmãos Tsarnaev continua numa cama de hospital e, segundo o governador de Massachusetts, Deval Patrick, apesar de estar mais estável ainda não está em condições de ser interrogado. O suspeito terá levado pelo menos dois tiros e ficou ferido numa perna e no pescoço, o que o fez perder muito sangue. A CBS News, citando fontes da investigação, adianta a possibilidade de o ferimento do suspeito no pescoço ter sido auto-inflingido numa tentativa de suicídio durante a perseguição policial, na qual morreu o seu irmão.

O mayor de Boston, Thomas Menino, citado pelo Boston Herald, também já fez saber que quer que Dzhokhar Tsarnaev seja acusado de terrorismo, o que possibilitaria a sua condenação à pena de morte. “Penso que deve ser condenado ao máximo que a lei permitir”, disse Menino, acrescentando que está “orgulhoso” da postura dos cidadãos de Boston que não se deixaram tomar pelo medo perante o atentado.

A Bloomberg recorda que já existiram casos de terrorismo ou de conspiração em que os estados se socorreram de leis federais para poderem aplicar as penas mais pesadas, mas nem sempre foram bem sucedidos. Entre os exemplos está o caso de 1995 em Oklahoma City com uma explosão de uma bomba frente a um edifício do governo federal que matou 168 pessoas e um atentado à bomba em 1993 no World Trade Center. O responsável pelo primeiro caso foi executado enquanto no segundo a condenação foi prisão perpétua. Em qualquer um dos cenários, um processo que implique a pena de morte será sempre mais moroso e se Dzhokhar se declarar como culpado esse pode ser um factor decisivo para os tribunais optarem pela prisão perpétua.

Investigadores à espera de autorização

Por agora, o grupo de investigadores especializado em casos de terrorismo permanece no local à espera de luz verde para começar o interrogatório e no sábado informou que o suspeito terá de responder às perguntas sem que a polícia precise de ler os seus direitos – como obriga a lei chamada Miranda que prevê o direito de o suspeito se manter calado ou de pedir um advogado.

Esta informação provocou uma pronta reacção por parte da associação de defesa das liberdades civis nos Estados Unidos, que se mostrou "preocupada". Mas as autoridades alegaram motivos de "segurança pública" para poderem interrogar o suspeito sobre a existência de outras bombas, cúmplices ou de planos de outros atentados.

Após a morte do primeiro suspeito e a detenção do segundo, quatro dias depois do atentado que matou três pessoas e feriu mais de 170, o Presidente dos Estados Unidos fez um breve discurso a partir da Casa Branca no qual felicitou o trabalho das autoridades, prometendo encontrar respostas para muitas das perguntas que ficam por responder, nomeadamente o que terá levado os dois irmãos a preparar o atentado da última semana e se agiram ou não sozinhos. Mas de acordo com o chefe da polícia de Watertown tudo leva a crer que os irmãos Tsarnaev, de 19 e 26 anos, agiram sozinhos.

Também no sábado, a imprensa norte-americana noticiou que os serviços secretos russos contactaram as autoridades dos EUA, em 2011, para falar da possível simpatia que Tarmelan Tsarnaev, o irmão mais velho morto pela polícia ao tentar fugir, tinha com movimentos radicais islâmicos da república do Daguestão. Tarmelan passou seis meses na antiga república soviética, onde há forte presença de movimentos islâmicos radicais.

É justamente nesta viagem (que incluiu uma passagem pela Tchetchénia) que as investigações se estão a concentrar. Segundo o jornal The New York Times, o pai de Tarmelan disse que o filho teria viajado para renovar o passaporte. Mas o prolongamento da viagem – para o FBI – pode ser o primeiro passo para perceber o que levou Tarmelan a participar no atentado durante a maratona. Ainda segundo o mesmo jornal, há dois anos, os russos alertaram para os riscos que Tarmelan poderia representar e pediu ao FBI para que monitorasse os seus passos – alerta que foi ignorado pela polícia federal norte-americana.