À mesma hora que o Executivo de Enrico Letta tomava posse no Palácio Quirinale, no Palácio Chigi, a sede do Governo italiano, houve seis disparos na rua, e dois polícias feridos. Um doente mental, diziam as autoridades, não é terrorismo. Mas será que o discurso inflamado anti-políticos de Beppe Grilo, o líder do Movimento 5 Estrelas (M5S), contribuiu para este episódio de violência, interrogaram alguns políticos.
Um dos polícias foi atingido no pescoço, outro foi ferido numa perna. O atirador estava de fato e gravata, a cerca de cinco metros dos polícias. Ficou ferido no ataque, bem como uma mulher grávida que a ia a passar. Mas nenhum dos feridos inspira cuidados especiais, dizem os jornais itlaianos.
O ataque, no entanto, deixou os políticos perturbados. “Se durante meses se investe contra o Governo, qualquer louco o pode fazer”, afirmou o presidente da Câmara de Roma, Gianni Alemanno. “Mesmo que o atirador seja doente, isso não apaga os golpes dos que alimentam um clima de ódio e violência. Quem semeia ódios alimenta tempestades”, afirmou Maurizio Gasparri, vice-presidente do Senado, citado também pelo jornal Corriere della Sera.
Beppe Grilo apressou-se a condenar o ataque: “O M5S é um movimento absolutamente não violento. Solidariedade plena com as forças da ordem e esperemos que seja um episódio isolado”.
O atirador é Luigi Preiti, desempregado de 49 anos, separado da segunda mulher, que tinha voltado a viver com os pais. Sem antecedentes criminais, viciou-se no jogo electrónico videopoker, no qual perdeu as suas economias, conta o La Repubblica.
“Queria alvejar políticos. Depois queria suicidar-se”, afirmou o procurador de Roma, Pierfilippo Laviani, citado pela Reuters. Ia de fato e gravata e com um revólver de calibre 7.65. Como não viu políticos, atirou contra os polícias e atingiu uma mulher grávida. Os feridos estão livres de perigo.
O Conselho de Ministros do novo Governo, formado pelo número 2 do Partido Democrático (PD), Letta, de 46 anos, reuniu-se já pela primeira vez. A sua equipa reúne antigos adversários políticos, incluindo cinco ministros do Povo da Liberdade, o partido de Silvio Berlusconi; ex-ministros de Mario Monti; figuras independentes; e políticos ligados ao PD, que foi o mais votado nas eleições de Fevereiro, mas não conseguiu uma maioria clara que lhe permitisse ultrapassar o voto de confiança no Parlamento que a Constituição exige.
Após dois meses de negociações falhadas entre os líderes dos partidos políticos, Letta foi encarregado de formar Governo na quarta-feira pelo Presidente, Giorgio Napolitano. Entre os 21 ministros estão sete mulheres – um recorde em Itália, um país manifestamente hostil à entrada das mulheres nos círculos de poder. Entre elas estão Emma Bonino, a nova ministra dos Negócios Estrangeiros; Cecile Kyenge, ministra da Integração, que é a primeira ministra negra num Executivo italiano; e Josefa Idem, ministra do Desporto, nascida na Alemanha e ex-campeã de canoagem.
Letta fez também um esforço de renovação geracional com a sua equipa governamental , que tem uma média de idades de 53 anos.