O Presidente de transição da Guiné-Bissau, Serifo Nhamadjo, designado pelo poder militar após o golpe de Estado de 2012, disse que haverá eleições ainda este ano. E negou alegações de que estaria envolvido no tráfico de droga.
“Este ano haverá eleições”, disse, ouvido pela RDP África, Nhamadjo, no regresso a Bissau, no domingo, após 40 dias de ausência para uma deslocação à Nigéria a que se seguiram tratamentos médicos na Alemanha. Nhamadjo afirmou também que, em breve, será formado um “Governo de inclusão” em que todas as forças políticas possam participar.
O calendário inicialmente fixado pelo poder saído do golpe que, a 12 de Abril de 2012, afastou o Governo de Carlos Gomes Júnior previa eleições em Maio deste ano, mas o escrutínio foi adiado. A formação de um Governo “inclusivo” é uma condição para o apoio técnico e financeiro internacional à realização de eleições que permitam a restauração do processo democrático.
Serifo Nhamadjo não comentou a detenção, por agentes dos Estados Unidos, do antigo chefe da Armada, Bubo Na Tchuto, no início deste mês, nem outros desenvolvimentos na luta contra o narcotráfico que ocorreram na sua ausência. A procuradoria norte-americana de Manhattan acusou também António Indjai, chefe das Forças Armadas e “cérebro” do golpe do ano passado, de envolvimento no tráfico de droga para a América do Norte e venda de armas à guerrilha colombiana, incluindo mísseis terra-ar.
“Estive em tratamento, vou reunir-me com os responsáveis para ter mais detalhes e, a partir daí, fazer o meu juízo”, disse. Ao chegar a Bissau, Serifo Nhamadjo tinha à espera as actuais chefias militares, incluindo Indjai.
O próprio Presidente de transição foi associado ao tráfico de droga pelo Departamento de Justiça dos Estados Unidos, segundo o qual teria conhecimento das negociações entre militares guineenses e as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia para tráfico de cocaína e armas.
Nhamadjo negou qualquer envolvimento com o tráfico e, segundo a AFP, deu a entender que o seu nome foi referido por um presumível suspeito. “Não tenho qualquer ligação ao suspeito que referiu o meu nome. Não recebi nenhum agente da DEA [agência antidroga dos Estados Unidos]”, afirmou, numa alusão a informações de que teria sido ouvido por agentes norte-americanos na Alemanha. “São visionários que pensam em coisas e as traduzem em realidade”, comentou, segundo a RDP África.