Uma mãe de origem norte-americana a viver no Reino Unido obrigou a mais velha das três filhas adoptivas a engravidar para poder ter uma quarta filha. A mulher está a cumprir uma pena de cinco anos de prisão por crueldade.
O caso remonta a Março de 2012 mas só agora foram conhecidas as conclusões do julgamento, revela o Guardian, na sua edição online.
O plano teve início depois de a menina ter feito 13 anos. Com três filhas adoptivas, a mulher viu-lhe ser negada uma quarta adopção. Por isso, na impossibilidade de ter filhos naturais, planeou que a sua filha mais velha engravidaria. A mulher comprava esprema online a um banco de dadores dinamarquês, o Cryos, que a rapariga usava, sozinha, no seu quarto, desde os 14 anos. Isto terá acontecido sete vezes, durante um período de dois anos, desde 2008. Aos 16 anos, a adolescente engravidou e, já com os 17 anos feitos, deu à luz um bebé.
O caso desta mulher levantou várias questões às autoridades. Por exemplo, a de ser tão fácil, no Reino Unido, o acesso a um banco de esperma internacional e ao uso, em casa, sem qualquer supervisão do produto comprado. O juiz Peter Jackson, do Supremo Tribunal, reflectiu sobre a necessidade de os bancos de esperma verificarem quem são os seus clientes. Por sua vez, a Autoridade para a Fertilização Humana e Embriologia revelou-se “chocada e horrorizada por este caso terrível”, revela a Reuters. A instituição pretende agora debater este tema com o Ministério da Saúde. O banco de esperma Cryos não quis comentar este caso.
Por amor à mãe
O caso foi descoberto depois do nascimento do bebé. Antes disso, a história contada aos serviços de saúde não levantou suspeitas: um caso de uma noite com um rapaz que saiu do país.
Depois de o bebé nascer, as profissionais de saúde que lidaram com a família de perto começaram a perceber que algo estava mal. A mãe da adolescente não permitia que esta criasse laços com o bebé. Quando uma destas profissionais sugeriu que seria bom a mãe amamentar, a mãe da rapariga respondeu-lhe que não. Depois de vários incidentes, as profissionais acabaram por alertar os serviços sociais e a polícia foi envolvida no caso em Julho de 2011.
Durante o julgamento, a mulher foi descrita como tendo uma personalidade “excepcionalmente forte” e que era a única que queria ter influência nas vidas das suas filhas. Quando se divorciou do pai adoptivo das duas meninas mais velhas, excluiu-o das suas vidas. O homem desconhecia o paradeiro da família há dez anos.
Além disso, as meninas aprendiam em casa, não iam à escola, as cortinas da casa estavam sempre fechadas e os vizinhos eram mantidos longe. Estes dados puseram em causa tanto os serviços de Educação, que nunca fizeram uma visita à casa, como os serviços sociais.
A rapariga confessou que permitiu à mãe usar o seu corpo porque a ama e porque lhe está grata por a ter adoptado. Quando a mãe lhe pediu, pela primeira vez, para conceber, a rapariga ficou “chocada, muito chocada”, confessou ao tribunal, mas pensou que se o fizesse a sua mãe a “amaria mais”. “Sentimentos de gratidão pela minha adopção influenciaram o meu comportamento”, confessou.
Em 2009, num postal oferecido no dia da mãe, a adolescente colou uma imagem de um teste de gravidez positivo e escreveu a promessa de ter um bebé.
Mas este processo revelou-se difícil. Não só demorou cerca de dois anos a concretizar como, crê o juiz, a adolescente terá abortado uma vez, aos 14 anos. Além disso, como a mulher queria ter mais uma filha obrigou a rapariga a fazer lavagens vaginais com vinagre, sumo de limão e de lima porque acreditava que o ácido podia influenciar o sexo da criança.