A maioria dos muçulmanos no mundo vê favoravelmente a implementação da sharia como lei nacional. A sharia é um sistema de legislação baseada nas prescrições do Alcorão e nos dizeres de Maomé, que regula várias áreas da vida, desde o casamento, heranças, crimes e até a higiene pessoal.
Devido à complexidade de fontes e a falta de uma hierarquia centralizada, a sharia pode ser interpretada de formas diferentes. Em vários países onde esta lei é aplicada, inclui-se, por exemplo, a amputação de membros para ladrões e a execução de pessoas que se convertam a outras religiões.
O apoio da sharia como lei nacional varia dos 99% no Afeganistão aos 8% no Azerbeijão, mas na maior parte dos países de maioria islâmica é uma solução apoiada por maiorias sólidas.
No único país de língua portuguesa com maioria muçulmana, Guiné Bissau, 47% dos muçulmanos entrevistados defenderam a aplicação da lei islâmica.
Esta imagem aparentemente intolerante parece contradizer a forma como os muçulmanos vêem a liberdade religiosa. De facto, uma maioria, novamente, entende que a sharia não deve ser aplicada a não-muçulmanos que vivam no país e grandes maiorias em todos os países onde a questão foi colocada consideram que é bom que os fiéis de outras religiões possam praticar a sua fé livremente, incluindo 95% dos muçulmanos na Guiné Bissau e 96% em Moçambique, onde há uma comunidade islâmica influente.
Outro dado interessante surge em resposta ao conflito religioso, numa maioria de países muçulmanos os inquiridos afirmam que têm mais medo da militância islâmica do que de qualquer outra forma de violência religiosa.
A democracia é globalmente bem vista pelos muçulmanos entrevistados. Uma notável excepção é o Paquistão onde apenas 29% dos muçulmanos vê de forma favorável este sistema político. Outra é a Rússia, onde uma maioria dos muitos muçulmanos que lá vivem diz que prefere um líder forte a um sistema democrático, valores que são replicados na Bósnia-Herzegovina.
O estudo, levado a cabo pela "Pew Forum on Religion & Public Life", baseia-se em entrevistas a mais de 38 mil muçulmanos em mais de 39 países e territórios.