O Presidente Evo Morales aproveitou o Dia do Trabalhador para anunciar a expulsão da Bolívia da Agência norte-americana para o desenvolvimento internacional (USAID), acusando-a de conspiração e ingerência na política interna boliviana.
Desde que chegou ao poder, em 2006, Morales tem aproveitado o 1.º de Maio para anunciar nacionalizações. Primeiro foi o petróleo, principal riqueza da Bolívia, e nos anos seguintes foi anunciando a expropriação de diversas empresas. “Hoje vamos apenas nacionalizar a dignidade do povo boliviano”, declarou Morales, acusando a USAID de colocar os dirigentes sindicais contra o Governo. “A USAID vai-se embora da Bolívia”, proclamou, num discurso inflamado frente a milhares de pessoas.
“O Governo americano lamenta profundamente a decisão do Governo boliviano de expulsar a USAID. Rejeitamos as acusações. O objectivo da USAID é ajudar o Governo boliviano a melhorar a vida quotidiana da população”, reagiu o porta-voz adjunto do Departamento de Estado, Patrick Ventrell, citado pela AFP.
A USAID, presente na Bolívia desde 1964, encontra-se naquele país “com objectivos políticos e não com objectivos sociais”, disse Morales, uma das principais figuras da esquerda radical da América Latina. O Presidente acusa aquela agência e outras instituições ligadas à Embaixada dos EUA em La Paz de “conspirarem contra o povo e particularmente contra o Governo nacional.
Em 2008, e por motivos semelhantes, a Bolívia expulsou o embaixador dos EUA e a agência antidroga americana, DEA. Washington respondeu expulsando o embaixador boliviano e retirando a La Paz condições alfandegárias preferenciais.
No seu discurso, Morales criticou violentamente o secretário de Estado americano, John Kerry, que em Abril declarou que a América Latina eram “as traseiras” dos Estados Unidos, durante uma audiência na Comissão de Negócios Estrangeiros da Câmara dos Representantes. A expulsão da USAID é também “um protesto contra essa mensagem do chefe da diplomacia dos Estados Unidos”, disse o Presidente boliviano.
Em 2011, Washington e La Paz assinaram um acordo que previa a normalização das relações bilaterais e uma troca de embaixadores. Mas essa tentativa de reaproximação fracassou.