"O Governo anunciou que vai enviar a polícia para evacuar o edifício", disse Dimitra Letsa, da agência ANA/MPA, que em declarações à Lusa, por telefone, explicou que, para o Governo de Atenas o edifício pertence agora ao Ministério das Finanças, pelo que qualquer pessoa que se mantenha no interior estará a invadir o edifício e será levada à justiça.
As cadeias da ERT deixaram de emitir às 23:00 de terça-feira e os écrans ficaram negros, com o emissor principal, situado numa montanha perto de Atenas, a ser desactivado pela polícia, segundo fonte sindical.
A decisão de encerrar a estação pública de rádio e televisão, justificada pelo Governo com a alegada "falta de transparência e incrível extravagância" da sua gestão, foi recebida com indignação no país e no estrangeiro.
Milhares de pessoas concentraram-se na noite de terça-feira junto ao edifício da estação e o sindicato dos jornalistas convocou uma greve de 24 horas que excluía apenas as estações que estivessem a transmitir uma emissão que os funcionários da ERT mantiveram activa, contra as ordens governamentais, através da Internet.
Segundo Dimitra Letsa, também a emissão por Internet foi cortada às 10:00, pelo que o sinal da emissora pública "agora está completamente apagado".
O sindicato dos jornalistas convocou uma manifestação em frente ao edifício da ERT para hoje às 12:00, disse à Lusa Dimitra Letsa, que se diz "chocada" com o encerramento da emissora.
"Ficámos todos chocados com o anúncio. Não é segredo que a emissora pública precisa de reorganização e poderia haver uma reestruturação e um corte nas despesas, mas encerrar a emissora pública é uma medida dramática que não encontra apoio junto dos jornalistas e da sociedade em geral", disse.
O líder da oposição grega, Alexis Tsipras, vai pedir hoje ao Presidente, Carolos Papoulias, que se recuse a assinar a ordem de encerramento da ERT.
Mesmo os partidos pequenos da coligação governamental tripartida expressaram a sua oposição à decisão e recusaram-se a apoiá-la.
"Discordamos em absoluto" da decisão, disse o partido socialista Pasok.
Mensagens de apoio à emissora chegaram de todo o mundo, provenientes da diáspora grega, para quem a ERT é uma ligação vital ao seu país, e o encerramento foi também condenado pelo líder da Igreja Ortodoxa grega.
O arcebispo Ieronymos disse que a emissora estatal fora "violentamente" encerrada e que milhares de funcionários da ERT estavam a ser "sacrificados" para pagar décadas de administração danosa.
O governo disse que todos os 2.655 trabalhadores serão compensados e poderão candidatar-se a um emprego na nova organização que o executivo tenciona criar para substituir a ERT.