O Governo moçambicano e a Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), principal partido da oposição do país, voltaram a falhar segunda-feira na obtenção de um acordo em torno da lei eleitoral, mantendo-se o impasse à volta do assunto.
A lei eleitoral é o ponto mais importante da agenda das negociações que o executivo moçambicano e a Renamo vêm mantendo para a resolução da tensão política que o país vive.
Em conferência de imprensa no fim da ronda negocial de terça-feira, o chefe da delegação do Governo às negociações, José Pacheco, afirmou que as negociações voltaram a emperrar na questão do pacote eleitoral.
"Mais uma vez, estamos perante aquilo que chamaríamos de segunda interrupção do diálogo, fundamentalmente devido aos mesmos motivos que já havíamos referido na semana passada", disse José Pacheco.
O líder da delegação do Governo, que é igualmente ministro da Agricultura, reiterou a posição de que a lei eleitoral é matéria da competência exclusiva da Assembleia da República e a sua revisão não deve ser objecto de um acordo político fora do parlamento.
Por seu turno, o chefe da delegação da Renamo, Saimon Macuiane, insistiu na necessidade de um entendimento sobre a lei eleitoral, para que seja submetido à Assembleia da República para aprovação.
"No nosso entender, consideramos que é de extrema importância que o produto do diálogo seja suportado por todos, ou seja, o trabalho de todos e por todos possa ser submetido à Assembleia da República para nos precisos termos poder legislar", frisou Saimon Macuiane.
O principal partido da oposição moçambicana rejeita a lei eleitoral quanto à constituição da Comissão Nacional de Eleições (CNE), uma vez que defende que o órgão deve ser composto segundo o princípio da paridade, enquanto a Frelimo (Frente de Libertação de Moçambique), partido no poder, advoga o princípio da proporcionalidade parlamentar.
As negociações decorreram num dia em que a violência voltou a abalar o centro do país, com um ataque de homens armados a um paiol militar, com um saldo de cinco mortos e dois feridos.
O ataque não foi reivindicado, mas tem sido atribuído a homens armados da Renamo, sem que este partido tenha, até ao momento, prestado qualquer declaração sobre o incidente.
Lusa