O presidente do Zimbabué, Robert Mugabe, indicou hoje que vai aproveitar a vitória nas eleições para intensificar a política que visa entregar aos zimbabueanos negros a maioria do capital das filiais locais de grupos estrangeiros.
"A emancipação (económica) vai continuar para que os indígenas zimbabueanos possam beneficiar da maior parte dos recursos do país", declarou Mugabe perante milhares de pessoas, por ocasião da festa da defesa nacional.
"Agora que o povo do Zimbabué nos deu um mandato retumbante para governar o país, faremos o que estiver ao nosso alcance para garantir que os nossos objetivos(...) serão atingidos", acrescentou Mugabe, 89 anos, no poder desde 1980.
A política de favorecer os zimbabueanos foi iniciada em 2007 e tem como alvo empresas pertencentes a estrangeiros que valem pelo menos meio milhão de dólares. Estas devem ceder 51 por cento do seu capital: 10 por cento aos trabalhadores, 10 por cento a um fundo de infraestruturas e 31 por cento a um fundo de soberania nacional. Até agora, as minas têm sido o principal alvo.
A oposição critica esta política alegando que impede o investimento no país e só beneficia os aliados do poder.
O presidente considerou ainda que os apelos a uma reforma na área da segurança são "um logro" e que "o objetivo real do inimigo é diluir a eficácia das forças de defesa do Zimbabué".
Robert Mugabe foi eleito na primeira volta das presidenciais de 31 de julho com 61 por cento dos votos, contra 34 por cento de Morgan Tsvangirai, até agora primeiro-ministro.
Tsvangirai contestou na justiça o resultado e pediu a anulação das eleições, alegando manipulação dos registos eleitorais.