O secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, fez hoje numa escola de meninas em Islamabad uma acesa defesa da educação feminina e instou à superação de tradições que negam às meninas o direito de ir à escola.
“O que os extremistas mais temem são as raparigas e as mulheres instruídas”, disse Ban Ki-moon, recordando o exemplo de Malala Yusufzai, a menina baleada pelos talibãs por defender a educação feminina no Paquistão.
“Algumas pessoas querem negar o direito das raparigas à educação”, disse o responsável da ONU perante mais de uma centena de alunas e professoras da chamada Escola de Meninas de Islamabad, acrescentando que há que “eliminar as tradições que negam às mulheres o direito a instruir-se”.
Ban Ki-moon referiu, no seu discurso, vários exemplos da sua vida pessoal e das dificuldades da sua infância na Coreia pós-Segunda Guerra Mundial – “era um país devastado e tínhamos fome” – para ilustrar o potencial de mudança que a educação traz.
Após a sua intervenção no auditório do colégio, o responsável das Nações Unidas conversou durante meia hora com 13 jovens, na maioria raparigas, procedentes de todo o Paquistão e entre os quais estava Samina Baig, a primeira paquistanesa a subir ao Evereste.
Assistiram à sua visita, entre outras autoridades, o vice-ministro da Educação, Baligur Rehman, que reconheceu que o panorama educativo no Paquistão “não é bom” e que manifestou o compromisso do novo Governo federal para aumentar os recursos dedicados à Educação.
Rehman anunciou que o executivo, que está há apenas dois meses no poder, pretende duplicar o orçamento educativo do Paquistão e elevá-lo dos atuais dois por cento para quatro por cento do PIB (Produto Interno Bruto) no final da legislatura, em 2018.
“São muito boas notícias e espero que os políticos do país mantenham esse seu compromisso”, observou em seguida Ban Ki-moon, afirmando com um sorriso que vai recordá-lo ao primeiro-ministro, Nawaz Sharif, na reunião que ambos manterão na quarta-feira.
No segundo dia da sua visita oficial, o secretário-geral da ONU participará nas celebrações locais do Dia da Independência e reunir-se-á com as máximas autoridades civis do país, o chefe do Governo e o Presidente, Asif Ali Zardari.