A União Africana (UA) apelou hoje para o levantamento “imediato e incondicional” de todas as sanções impostas ao Zimbabué para favorecer a recuperação socioeconómica do país sul-africano.
A organização acredita que o levantamento das sanções impostas pelas potências ocidentais, devido às suspeitas de fraude nas eleições que permitiram a Robert Mugabe, aos 89 anos, iniciar um sétimo mandato consecutivo na presidência do Zimbabué, beneficiará “um povo que sofre há muito tempo”.
A UA fez este pedido um dia depois de Mugabe, empossado como Presidente há dias, ameaçar responder “olho por olho” ao Reino Unido e aos Estados Unidos da América se as sanções não forem levantadas.
A União Europeia, o Reino Unido e os Estados Unidos têm manifestado dúvidas sobre as eleições de Julho, nas quais Mugabe obteve 61% dos votos contra 33% obtidos pelo líder do Movimento para a Mudança Democrática e primeiro-ministro cessante, Morgan Tsvangirai.
Na reunião de hoje do Conselho de Paz e Segurança da UA foi também discutida a realização de eleições em outros países do continente, segundo um comunicado da organização pan-africana.
Na sua declaração de hoje, a União Africana também pediu que os atores políticos respeitem o resultado das eleições, tanto no Zimbabué como no Mali e no Togo, países que tiveram eleições presidenciais e legislativas, respectivamente, e para que os três estados mantenham “um clima de paz” para contribuir para a prevenção e gestão de conflitos no continente.
A organização regional felicitou os cidadãos, os dirigentes e as instituições dos três estados pela organização “pacífica” das eleições.
A União Africana também abordou as próximas eleições parlamentares no Ruanda, na Suazilândia, nos Camarões e na Guiné, que se vão realizar em Setembro, sublinhando a importância de se garantir a igualdade de condições a todos os candidatos políticos e que as eleições sejam “livres e credíveis” para evitar focos de violência.
O organismo avaliou, por outro lado, os progressos na República de Madagáscar, depois de o Tribunal Eleitoral Especial anular as candidaturas nas próximas eleições do actual Presidente, Andry Rajoelina, imposto pelo Exército depois de um golpe de Estado, do ex-Presidente Didier Ratsiraka, e de Lalao Ravalomananmia, esposa do também ex-Presidente Marc Ravalomanana, actualmente exilado na África do Sul.
Esta decisão permitiu à Comissão Eleitoral Nacional Independente para a Transição (CENIT) definir a primeira volta das eleições presidenciais a 25 de Outubro e a segunda volta a 20 de Dezembro, dia em que também se realizam as eleições legislativas.
A União Africana comprometeu-se a dar o apoio necessário à Comissão Eleitoral do Madagáscar para assegurar uma boa organização das eleições e vai destacar observadores quando se realizarem as eleições.