Charity Mutegi, pesquisadora do Instituto de Investigação Agrária do Quénia, disse que os efeitos adversos, fatais para homens e culturas, da contaminação de aflatoxina na maioria da produção dos pequenos agricultores no continente, estão a “prejudicar o esforço destes”, razão da sua dedicação a esta pesquisa.
A investigação permitirá ainda reduzir perdas pós colheita e aumentar a renda de pequenos produtores no continente.
“As pessoas não têm a magnitude do problema. Do que vale ter um produto que não chegue ao mercado ou às pessoas necessitadas?” indagou a queniana, que venceu, na quinta-feira, em Maputo, Moçambique, o primeiro prémio mundial de alimentação.
“Dediquei 10 anos de trabalho para esta inovação científica e, porque não podemos usar o modelo único de biocontrolos por todos os países, estamos a desenvolver um específico. Em Moçambique começamos este ano e esperamos que em 2015 esteja pronto para o mercado”, precisou Charity Mutegi, 38 anos.
O Malaui, país vizinho de Moçambique, disse, perdeu o mercado da União Europeia (UE), em 2000, para a exportação de amendoins, por não ter conseguido cumprir as exigências do nível de aflatoxina na sua produção.
Os 10 países contemplados na pesquisa de biocontrolo de aflatoxina incluem Nigéria, Senegal, Uganda, Sudão do Sul, Burkina Faso, Zâmbia, Tanzânia, Ruanda, Quénia e Moçambique, e os preços de aquisição rondarão os 10 dólares norte-americanos (7,9 euros) por hectare.
A exposição a altas concentrações de aflatoxinas produz danos no fígado, tais como necrose, cirrose hepática, carcinoma ou edema. A capacidade de absorção e processamento de nutrientes é gravemente comprometida. A exposição crónica a níveis subcríticos de aflatoxina não é tão grave, mas aumenta a probabilidade de desenvolvimento de cancro hepático, explicou.