Uma delegação da agência das Nações Unidas para os refugiados esteve na semana passada no norte do país e encontrou "sete aldeias incendiadas e desertas e uma oitava aldeia meio queimada e com os habitantes escondidos no mato", explicou hoje a porta-voz do ACNUR Melissa Fleming em conferência de imprensa.
A equipa do ACNUR constatou a ausência generalizada de respeito pela lei, disse a responsável, denunciando a generalização das violações dos direitos humanos.
Os habitantes relataram "agressões físicas, extorsão, pilhagens, prisões arbitrárias e tortura cometidas por homens armados", disse Fleming.
O ACNUR não conseguiu identificar os autores destes actos de violência que provocaram "deslocamentos em massa" das populações, segundo a porta-voz.
A agência da ONU lamenta o "vazio de segurança" instalado na região, adiantando que beneficia a actividade de grupos armados sem quaisquer motivações políticas.
Depois da tomada do poder pelos rebeldes do Séléka, em Março, o novo Presidente Michel Djotodia tem tido dificuldades para conseguir manter a ordem.
A Republica Centro-Africana vive um clima de insegurança generalizada, com ataques às populações por parte de combatentes saídos das fileiras da antiga rebelião.
Cerca de 160 mil pessoas viviam no norte do país antes de Março.
Milhares de pessoas fugiram da região depois da vaga de violência iniciada no mês passado, acrescentou o ACNUR, adiantando não conseguir dizer exactamente quantos.
Na quarta-feira, o ACNUR tinha registado a existência de mais de 3.020 deslocados no norte da República Centro-Africana, o que eleva para 209 mil o número de novos deslocados registados desde Dezembro no total do país, segundo Fleming.
A violência obrigou ainda milhares de habitantes a saírem para países como o Chade, Camarões e República Democrática do Congo.
Desde Setembro de 2012, foram registados na região mais 62 mil refugiados centro-africanos.