Mais de meio milhão de pessoas, segundo os organizadores, estão inscritas para hoje às 17:14 (hora local) darem as mãos, numa corrente humana que percorrerá 400 quilómetros a reivindicar a independência da região espanhola da Catalunha.
O protesto é uma iniciativa privada, sem precedentes em Espanha, mas conta com o apoio do Governo regional, que se fará representar por nove dos 12 membros do executivo, ainda que não participe o presidente, Artur Mas.
Para os organizadores do protesto, a ANC, o objectivo do cordão humano é chamar a atenção para as reivindicações de independência da região, numa altura de forte polémica em Espanha em relação às ambições de uma consulta popular sobre o assunto possivelmente já em 2014.
O ponto alto ocorre às 17:14, momento escolhido para recordar o dia 11 de Setembro de 1714, altura em que Barcelona caiu sob o domínio das tropas de Felipe V de Espanha, evento recordado hoje na Diada, o dia regional da Catalunha.
Será nesse momento da tarde de quarta-feira que mais de 800 fotógrafos voluntários e os seus assistentes garantirão que todos os participantes no cordão humano ficam numa "gigafoto", como foi apelidada, que será tirada ao longo de todo o percurso.
Uma imagem tirada a cada 500 metros que depois será unida, digitalmente, para registar um cordão humano que, em algumas localidades terá mais do que uma fila e para o qual, segundo os últimos dados facilitados à Lusa pela ANC já estão mais de meio milhão de pessoas inscritas.
Em Barcelona, por exemplo, haverá dois cordões, um dos quais passará em frente às instituições - parlamento e sede do Governo regional, por exemplo - e outra em espaços emblemáticos como a Sagrada Família ou o interior do Camp Nou, do Barcelona.
O interesse do protesto levou já a que todas as empresas de helicópteros da zona tenham alugados todos os seus aparelhos, tanto para canais de televisão como para outras entidades.
Os participantes começam a juntar-se ao longo da 'via' a partir das 16:00 e às 17:14 soarão os sinos da Seu Vella de Lérida, a que se seguirão os de sinos em todo o território, dando o sinal para que os participantes dêem as mãos.
Seguir-se-á, na capital, um ato político em si, na Praça Catalunha, encerrado pela presidente da Assembleia Nacional Catalã (ANC), Carme Forcadell, antes de se ouvir o "Els Segadors", o hino nacionalista catalão.
A iniciativa é inspirada no cordão humano que em 1989 atravessou a Estónia, Lituânia e Letónia para reivindicar a independência dos países bálticos e será "um passo mais", segundo os organizadores, no debate sobre a independência da região.
Na terça-feira, antecipando o dia regional o presidente do Governo regional, Artur Mas, comprometeu-se a não se afastar "nem um milímetro" do calendário soberanista e de aplicar a "catalan way" (via catalã) que identificou com os conceitos de diálogo, legalidade, amplas maiorias e civismo.
Numa mensagem transmitida pela televisão e rádio regionais, Mas garantiu que "o povo da Catalunha vai ser consultado no próximo ano sobre o seu futuro político".
A nível partidário, o protesto conta com o apoio total da Esquerda Republicana da Catalunha (ERC), participando no protesto os principais dirigentes da Convergência (CDC) e vários da Unió (UDC).
O PSC (socialistas catalães) não participará institucionalmente, mas os dirigentes ou militantes têm "liberdade" de se associar.
A iniciativa é contestada pelo PP que anunciou também que, em protesto, não só não participa nos eventos da corrente humana como nos aptos institucionais da Diada.
Alicia Sánchez-Camacho, presidente do PP na Catalunha anunciou que o seu partido não participa nos atos porque "o processo independentista está a levar a uma situação em que esta Diada será uma Diada de divisão a, da rotura" e na qual o seu partido "não pode participar".