As Nações Unidas estão preocupadas com a crise humanitária em curso na cidade de Zamboanga, no sul das Filipinas, onde dezenas de milhares de pessoas foram forçadas a deixar as suas casas.
“A situação em Zamboanga está no estádio de crise humanitária”, confirmou, em comunicado divulgado na quarta-feira, a coordenadora humanitária da ONU nas Filipinas, Luiza Carvalho.
Centenas de soldados e polícias combatem, desde 09 de Setembro, mais de três centenas de insurgentes muçulmanos da Frente Moro de Libertação Nacional (FMLN), que entraram na cidade e tomaram de assalto várias aldeias costeiras, queimando milhares de casas e tomando reféns dezenas de civis.
Os confrontos já fizeram perto de 180 mortos, entre os quais 23 membros das forças de segurança, 12 civis e 138 rebeldes da FMLN, segundo a polícia.
Pelo menos 218 rebeldes foram capturados ou renderam-se, mas muitos outros continuam em liberdade e na posse de reféns civis, que utilizam como escudos humanos, de acordo com a mesma fonte.
O Gabinete de Coordenação de Assuntos Humanitários das Nações Unidas (OCHA) estima que 158 mil pessoas tenham sido afectadas pelos confrontos.
Cerca de dez por cento da população de Zamboanga foi forçada a abandonar as suas casas e mais de dez mil habitações foram destruídas.
Cerca de 70 mil pessoas refugiaram-se no principal complexo desportivo da cidade, onde vivem “em condições de higiene insuficientes”, descreveu o OCHA. “Estamos mais e mais preocupados com a situação e as necessidades crescentes das pessoas”, reconheceu Luiza Carvalho.
As Nações Unidas alertam para o risco crescente de epidemia e confirmam a necessidade urgente de alimentos, água, medicamentos, utensílios de cozinha e tendas.
A FMLN opõe-se às conversações de paz em curso entre o governo de Manila e outro grupo independentista (a Frente Moro de Libertação Islâmica), com vista à criação de uma região autónoma no Sul das Filipinas, zona empobrecida por décadas de guerrilha e violência.
Estes são os mais duros combates entre o governo filipino e grupos insurgentes islâmicos dos últimos anos.