O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) pediu hoje ao Governo de Itália medidas urgentes para os 115 sobreviventes do naufrágio de quinta-feira passada, perto da ilha italiana de Lampedusa, que provocou 235 mortos.
O representante de ACNUR na Itália, Laurens Jollens, considerou que a melhoria de condições no centro de acolhimento em Lampedusa visa "responder, de uma maneira digna, às necessidades das pessoas que chegam à costa italiana, em condições muito duras".
"Trata-se de três acções que pedimos que se levem a cabo com a devida urgência, para melhorar os procedimentos de acolhimento e assistência", afirmou.
Em nota de imprensa, o ACNUR refere que é "inaceitável a situação de degradação" das condições dos sobreviventes da tragédia e pede igualmente apoio para "a perseguição das pessoas que foram obrigadas a fugir da guerra e que chegam a território italiano em busca de protecção".
"Ainda que seja necessário um maior envolvimento por parte da União Europeia na gestão dos fluxos migratórios, é importante que as autoridades italianas ponham em marcha, de imediato, algumas medidas urgentes para ultrapassar o actual estado de emergência", sublinha-se.
O ACNUR acentuou que "é necessário renovar o centro de primeiro acolhimento de Lampedusa, cuja capacidade deverá ser de 850 pessoas", quando, actualmente, tem 250 lugares, "depois de um incêndio que destruiu parcialmente o centro de recepção, em Setembro de 2011".
"A limitada capacidade do centro e as recorrentes situações de saturação traduzem-se, hoje em dia, em condições inadequadas de acolhimento e em serviços que não cumprem os padrões da União Europeia. A situação de extrema degradação em que se encontra o centro, com famílias inteiras forçadas a dormir há três dias sob chuva, é completamente inaceitável", refere-se no comunicado.
Assinala-se que o centro tem a vocação de prestar assistência inicial e que os imigrantes ilegais "devem ser transferidos, num prazo de 48 horas, para outros centros mais bem equipados".
O ACNUR salienta também que "a rede de acolhimento em Itália deve reforçar-se para cobrir todo o território nacional" e manifesta confiança "num compromisso do Governo [de Itália] para aumentar o número de espaços de acolhimento, como demonstram as recentes declarações do próprio Governo".
Uma embarcação de pesca naufragou na quinta-feira quando tentava chegar à ilha italiana de Lampedusa, no sul da Sicília.
A embarcação, com mais de 500 pessoas a bordo, transportava imigrantes clandestinos da Somália e da Eritreia, proveniente da Líbia.
Os serviços de emergência conseguiram resgatar com vida 155 pessoas.
Lampedusa, a 205 quilómetros a sul da Sicília, situa-se a 113 quilómetros da costa africana, sendo possível alcançar a ilha após três ou quatro dias de navegação.
O pequeno território é considerado como uma porta para a Europa para milhares de imigrantes africanos.