Glenn Greenwald, o jornalista que divulgou os dados fornecidos pelo ex-analista informático Edward Snowden sobre o sistema de vigilância norte-americano, vai deixar de colaborar com o diário britânico The Guardian e lançar um novo projecto editorial.
O jornalista norte-americano afirmou que a decisão de deixar o diário britânico foi "difícil".
"A minha colaboração com o The Guardian foi extremamente frutífera e gratificante. Tenho o maior respeito por toda a redacção, com a qual trabalhei, e estou muito orgulhoso com aquilo que realizámos", declarou Greenwald, numa mensagem de correio electrónico enviada ao site Buzzfeed.
Na mesma mensagem, o jornalista indicou que irá avançar para um novo projecto editorial.
"Tenho a oportunidade única de realizar um meio de comunicação social de sonho, um novo media generalista de relevo", que irá abordar temas de desporto, espectáculos ou cultura, revelou o jornalista, especificando que ele dará especial atenção à área política.
"A par da informação e da escrita, a minha função será criar uma nova equipa jornalística, recrutando jornalistas e editores que partilhem a mesma filosofia", disse Glenn Greenwald, que vai continuar a viver no Rio de Janeiro, cidade onde estará instalada uma parte da redacção do novo projecto.
Os principais escritórios do novo órgão de comunicação social vão estar em Nova Iorque, Washington e São Francisco.
O projecto de Greenwald será financiado pelo filantropo e fundador do site de comércio online eBay Pierre Omidyar, segundo uma fonte próxima do processo citada pelo diário norte-americano The Washington Post.
Advogado de formação, Glenn Greenwald colaborou com Snowden, um antigo consultor da Agência Nacional de Segurança norte-americana (NSA), na publicação de um conjunto de documentos secretos que revelaram um vasto sistema de vigilância electrónico desenvolvido pelos Estados Unidos.
No âmbito deste caso, em Agosto passado, David Miranda, o companheiro do jornalista norte-americano, ficou retido durante nove horas no aeroporto de Heathrow, em Londres, ao abrigo de uma legislação contra o terrorismo que permite deter e interrogar pessoas em aeroportos, portos e zonas de fronteira.
A embaixada do Reino Unido no Brasil justificou então que a detenção de Miranda era uma "questão operacional" da polícia.