A polícia egípcia lançou hoje uma operação de busca dos homens armados que atacaram participantes num casamento cristão copta, numa igreja do Cairo, causando quatro mortos, de acordo com um novo balanço.
O ataque, no domingo à noite, contra a igreja da Virgem, fez quatro mortos e 17 feridos, indicou o chefe dos serviços de emergência, Ahmed al-Ansari, que disse desconhecer se todas as vítimas eram coptas.
Uma rapariga de oito anos foi morta neste ataque, o primeiro a atingir a comunidade copta, na capital, depois da destituição, a 03 de Julho, do Presidente islamita Mohamed Morsi.
"Dois homens chegaram, numa motorizada, e um deles abriu fogo", disse o Ministério do Interior egípcio.
As forças de segurança estavam hoje destacadas em redor da igreja, cujas paredes apresentavam marcas de balas. Várias mulheres, vestidas de negro, estavam reunidas à entrada do edifício.
O primeiro-ministro egípcio, Hazem Beblawi, condenou este "ato criminoso desprezível" e garantiu que as forças de segurança estavam à procura dos atacantes.
"Actos terríveis, como este, não conseguirão dividir muçulmanos e cristãos", afirmou num comunicado do Governo.
Beblawi acrescentou que a polícia estava a investigar as circunstâncias do ataque e pediu às autoridades para prestarem cuidados de emergência aos feridos.
Os cristãos egípcios, na maioria coptas, são regularmente alvos de ataques desde que Morsi foi eleito e, sobretudo, depois da evacuação pela força, a 14 de Agosto, de duas praças da capital, ocupadas por apoiantes do antigo membro da Irmandade Muçulmana.
Os islamitas acusam os coptas de terem apoiado o golpe do exército contra Mohamed Morsi, primeiro Presidente eleito democraticamente no Egipto.
Os coptas, que representam entre 6% e 10% dos 85 milhões de egípcios, fazem com regularidade acusações de discriminação, nomeadamente sob a presidência de Morsi.
Num relatório publicado a 09 de Outubro, a organização não-governamental de defesa dos direitos humanos Amnistia Internacional afirmou que as forças de segurança egípcias tinham fracassado na protecção aos coptas, visados por ataques previsíveis, na sequência da sangrenta repressão dos apoiantes de Morsi.
Para a Human Rights Watch, as duas províncias mais atingidas foram Minya e Assiut, no centro do país.
A Irmandade Muçulmana lamentou o ataque de domingo e apontou o dedo às novas autoridades instituídas pelo exército.
"As autoridades apoiadas pelo exército continuam a ignorar actos deliberados de incêndios criminosos, vandalismo e homicídio", disse a confraria num comunicado.
O novo Governo egípcio lançou uma operação de repressão, de grande amplitude, dos islamitas, detendo em meados de Agosto mais de dois mil, incluindo diversos responsáveis da Irmandade Muçulmana.
O Presidente destituído vai ser julgado, a partir de 04 de Novembro, por "incitamento ao homicídio" de manifestantes, um processo que poderá agravar as tensões no Egipto.