O ministro dos Negócios Estrangeiros francês anunciou hoje ter "convocado imediatamente" o embaixador dos Estados Unidos em Paris, depois das informações sobre a intercepção pela Agência de Segurança Nacional (NSA) norte-americana de comunicações em França.
"Este tipo de práticas entre parceiros, que atingem a vida privada, é totalmente inaceitável. É preciso garantir, muito rapidamente, que deixaram de ser realizadas", disse à imprensa. Fabius reagia às informações divulgadas no sítio na Internet do diário francês Le Monde, de acordo com o qual a NSA efectuou 70,3 milhões de registos de dados telefónicos de franceses durante um período de 30 dias, entre 10 de Dezembro de 2010 e 08 de Janeiro deste ano.
O sítio do Le Monde cita documentos do antigo consultor da agência norte-americana Edward Snowden, divulgados em Junho.
Laurent Fabius indicou que a França já tinha reagido na altura. "Aparentemente, é necessário ir mais longe", acrescentou, antes do início da reunião com os homólogos da UE.
A NSA dispõe de vários modos de compilar informação, de acordo com o Le Monde. Quando alguns números de telefone são utilizados em França, activam um sinal que desencadeia automaticamente o registo de algumas conversas.
Este tipo de vigilância recupera também as mensagens enviadas por telefone (SMS) e o conteúdo, em função de palavras-chave. De uma forma sistemática, a NSA conserva o histórico das ligações de cada alvo, precisou o jornal.
Os documentos apresentam explicações suficientes para permitir pensar que os alvos da NSA são pessoas suspeitas de ligações com actividades terroristas, indivíduos ligados ao mundo dos negócios, da política ou da administração francesa.
Os gráficos da NSA mostram uma média de intercepções de três milhões de dados por dia, com picos de quase sete milhões a 24 de Dezembro de 2012 e 07 de Janeiro deste ano, sublinhou o diário.