A dirigente da oposição birmanesa Aung San Suu Kyi recebeu hoje em Estrasburgo o prémio Sakharov que lhe foi atribuído há 23 anos, voltando a pedir aos europeus que ajudem a Birmânia a concluir o processo de democratização.
Suu Kyi foi recebida no Parlamento Europeu com um forte aplauso dos eurodeputados, recebendo depois o prémio do presidente da eurocâmara, o alemão Martin Schulz.
Em liberdade há apenas três anos, depois de 15 em prisão domiciliária, a opositora birmanesa só agora pôde receber em mãos o prémio que lhe foi atribuído em 1990.
"Você lutou, sofreu, mas o principal é que venceu", disse Martin Schulz, saudando Suu Kyi como "um grande exemplo de liberdade e de democracia".
"Devemos ser pragmáticos: registámos progressos desde 1990, mas os progressos são insuficientes", afirmou a birmanesa no discurso de agradecimento. "Espero que nos ajudem a libertar o nosso povo do medo, porque esse medo ainda existe".
A visita a Estrasburgo de Suu Kyi, 68 anos, insere-se numa visita à Europa para convencer os dirigentes europeus a pressionarem a Birmânia a prosseguir o processo de reformas e, especificamente, a alterar a Constituição.
"As pessoas começam a aprender a fazer perguntas: a liberdade de pensamento e de consciência são direitos que ainda não estão garantidos a 100%", disse, defendendo a mudança da Constituição para consagrar essas liberdades.
Suu Kyi também pediu ajuda da UE para combater a elevada taxa de desemprego na Birmânia, que afecta especialmente os jovens no que a opositora classificou como uma "bomba relógio".