Um dos mais aplaudidos foi o discurso do amigo pessoal de Mandela e seu colega de cela durante mais de um quarto de século, que descreveu os momentos que viveu com o líder.
Chegaram ao fim este domingo os dez dias de cerimónias fúnebres oficiais pela morte de Nelson Mandela. O pai da nação foi enterrado seguindo os protocolos oficiais e as tradições Xhosa da tribo a que pertencia.
O corpo que chegou ontem à aldeia onde o ex-Presidente passou a infância, foi de manhã transportado pelas colinas de Qunu para o local onde foram prestadas as últimas homenagens. Um padre da igreja Metodista, Vuyani Nyobole, conduziu um coro que cantou a música preferida da mãe de Madiba. Depois foi cantado o hino nacional e o caixão foi levado para dentro de uma tenda gigante decorada com flores e 95 velas acesas, simbolizando os anos de vida de Mandela.
Presentes na cerimónia de despedida estiveram cerca de 4.500 pessoas, entre veteranos da luta contra o apartheid, lideres religiosos, políticos, membros da realeza, e outras individualidades como a apresentadora de televisão Oprah Winfrey, o actor que interpretou Mandela no filme “Long Walk to Freedom” e Richard Branson, dono do grupo Virgin.
Vários foram os dignatários a discursar entre cânticos e orações. Um dos mais aplaudidos foi o discurso do amigo pessoal de Mandela e seu colega de cela durante mais de um quarto de século, que descreveu os momentos que viveu com o líder.
A Presidente do Malawi, Joyce Banda, também recebeu uma ovação de pé quando disse que o carácter de Mandela a inspirou até se tornar a primeira mulher à frente dos destinos do seu pais.
O Presidente sul-africano afirmou que desde que Mandela ficou gravemente doente, as pessoas tiveram dificuldade em lidar com a ideia da sua mortalidade. Destacou a forma como cada um expressou o luto à sua maneira, alguns silenciosos, outros chorando, outros ainda cantando, e perguntou “Quem é este homem que suscita tantas reacções? “Quando as pessoas vêm bondade numa pessoa respondem reflectindo bondade”.
Agradecendo tudo o que Mandela fez pela nação, Jacob Zuma comprometeu-se a manter o seu legado.
No final dos discursos, foram lidos os nomes das pessoas que poderiam acompanhar o caixão até ao local do enterro. Apesar de estarem milhares de pessoas na sala, apenas 450 foram convidadas para a cerimónia privada, uma vez que o espaço tinha capacidade limitada. As restantes permaneceram na sala, onde um ecrã gigante mostrava o que se ia passando a alguns metros do local.
A tradição Xhosa dita que o morto seja enterrado ao meio-dia, altura em que o sol está no ponto mais alto, mas a cerimónia acabou por se atrasar um pouco.
Um coro cantou uma canção de despedida quando o caixão saiu. Na longa caminhada até ao local do enterro, onde Mandela ficará ao lado dos seus pais e três filhos, Graça Machel foi acompanhada pela ex-mulher de Mandela que por várias vezes a confortou.
Exército e Marinha estiveram alinhados à passagem do caixão transportado num carro militar, enquanto três helicópteros sobrevoavam o céu com a bandeira sul-africana.
O caixão estava envolto na bandeira sul-africana e por cima tinha e um quadro com a bandeira nacional, retirado depois e entregue pelo Presidente Zuma à viúva Graça Machel. A bandeira também foi retirada mais tarde. A partir deste momento, a cerimónia foi vedada à imprensa, seguindo uma série de preceitos Xhosa.