O presidente interino e o primeiro-ministro da República Centro-Africana demitiram-se esta sexta-feira, cedendo assim a pressões da comunidade internacional, mas deixando dúvidas quanto ao futuro político do país.
Michel Djotodia e Nicolas Tiangaye tinham chegado ao poder em Março de 2013 depois dos rebeldes Seleka terem ocupado a capital.
Os Seleka, comandados por Djotodia, são oriundos principalmente da minoria muçulmana do norte do país, que se queixa há anos de discriminação e de falta de apoios por parte do Estado, de maioria cristã.
À medida que a milícia foi ganhando terreno foi crescendo à custa de recrutas e mercenários de países como o Chade e a Nigéria, incluindo alguns militantes islamistas. O resultado foi uma série de perseguições às populações civis cristãs e a ameaça de uma guerra civil interétnica e inter-religiosa.
Em resposta, outros grupos de homens armados, conhecidos como Anti-Balaka e compostos na sua maioria por cristãos e homens leais ao presidente Bozeze, que tinha sido deposto por Djotodia, surgiram para combater os Seleka.
Uma força multinacional foi entretanto enviada para o país para tentar pôr fim à violência que já causou milhares de mortos e um milhão de deslocados.
Com a notícia da demissão dos dois líderes, milhares de civis, na maioria cristãos, saíram à rua para festejar. Ao anoitecer a maioria regressou às suas casas, temendo represálias dos Seleka, mas fontes no local indicam que estes estariam a abandonar a capital, rumo ao norte.