Prefeita desde 2011 da capital de Bangui, Catherine Samba-Panza foi eleita nesta segunda-feira (20/01) nova presidente interina da República Centro-Africana (RCA). A líder entrou no poder após vencer com 75 votos contra 53 entre oito candidatos no CNT (Conselho Nacional de Transição) do parlamento provisório do país.
Política e empresária, Samba-Panza é a primeira mulher a alcançar a presidência do Estado e deve estar à frente do processo de transição política da República Centro-Africana, até as eleições previstas para o início de 2015. A partir de hoje, ela ocupa o posto do até então chefe de Estado, Michel Djotodia, que renunciou em dezembro, pressionado internacionalmente por não ter freado a violência que aumentou no país desde o fim do ano passado.
Durante seu mandato, ela terá como tarefa primordial resolver o conflito religioso entre cristãos (balaka) e muçulmanos (seleka) que assola a região. Apesar de ser cristã, Samba-Panza manteve-se neutra na eleição. “Mostre seu apoio pela minha indicação à presidência, dando um grande sinal: deixando suas armas”, disse a nova eleita aos cristãos. Paralelamente, ela pediu à oposição muçulmana armada que “pare com o sofrimento das pessoas”.
Há 10 meses, o combate ganhou grandes proporções na República Centro-Africana, quando os seleka, que são minoria no país, tomaram o governo do então presidente François Bozizé. Em 24 de março, colocaram Djotodia no poder, como o primeiro muçulmano presidente de um país de maioria cristã, intensificando o conflito.
“A principal prioridade será parar o sofrimento das pessoas, recuperando a segurança e a autoridade do Estado”, afirmou Samba-Panza. Com a eleição, a ONU (Organização das Nações Unidas) aceitou enviar milhares de tropas ao país. Para o secretário-geral, Ban ki-moon, a região está tomada por uma crise de “proporções épicas”.
Com o aumento da crise, a ONU autorizou também uma intervenção militar da França, antigo colonizador do país, que ganhou independência em 1960. “Agora, cabe a ela garantir a paz e a reconciliação da RCA, para segurar as eleições democráticas que virão”, declarou o presidente francês, François Hollande.