Um relatório divulgado hoje pela Amnistia Internacional revela que, desde o início de janeiro, está a acontecer uma «limpeza étnica» de muçulmanos na zona ocidental da República Centro Africana.
Uma delegação da organização de defesa dos direitos humanos passou duas semanas no país a investigar assassínios, deslocamentos forçados, destruição de casas e propriedades, saques e outros abusos, alguns dos quais considerados crimes de guerra e contra a humanidade, ocorridos durante o mês de janeiro e no início de fevereiro.
A República Centro Africana (RCA) mergulhou no caos desde que em março de 2013 a coligação Séléka, de maioria muçulmana, derrubou o governo do país maioritariamente cristão, desencadeando uma espiral de violência sectária, que já causou milhares de mortos e centenas de milhares de deslocados.
A delegação da Amnistia Internacional (AI) falou com «centenas de vítimas de violência» e «documentou ataques repetidos e em larga escala das milícias 'anti-balaka' contra civis muçulmanos em Bouali, Boyali, Bossembélé, Bossemptélé, Baoro, Bawi e na capital Bangui».
Alguns dos ataques foram realizados como represália a ataques anteriores a civis cristãos por parte dos rebeldes Séléka e de muçulmanos armados, indica o relatório intitulado "Limpeza étnica e assassinatos sectários na República Centro Africana", que refere ataques a cristãos em Bata e Baoro.
«Pelo menos 200 muçulmanos foram mortos e centenas de outros ficaram feridos nos ataques de 'anti-balaka' documentados pela AI e um grande número de cristãos foi morto em ataques de represália», adianta o relatório.
Lusa