Ofensiva do Grupo Estado Islâmico do Iraque e Levante já provocou centenas de mortos. O presidente do Irão garante que vai proteger os lugares santos dos xiitas no Iraque.
O governo iraniano admite trabalhar com os Estados Unidos para travar ofensiva terrorista no Iraque. A hipótese foi admitida pelo ministro da Cultura, que de visita a Lisboa, disse que os dois países têm actualmente interesses comuns e podem “tomar posições” quanto ao escalar da ofensiva em solo iraquiano.
"A actual situação no Iraque é muito complicada. Nesta altura, o Irão e os Estados Unidos têm um interesse comum no que diz respeito ao Iraque, e sobretudo, no que diz respeito às actividades terroristas dos grupos que estão a crescer. Por isso, os Estados Unidos e o Irão têm um interesse comum neste caso e podem tomar algumas posições no sentido de acalmar a situação", afirmou à agência Lusa Ali Jannati, ministro da Cultura iraniano que se encontra de visita a Portugal.
A ofensiva do grupo Estado Islâmico do Iraque e Levante, que começou na semana passada, já provocou a morte de centenas de pessoas, entre civis e membros das forças de segurança do Iraque.
As cidades de Mossul e Tikrit, no nordeste do Iraque, foram tomadas pelos insurgentes que cercaram domingo Kirkuk, no norte do país, registando-se também combates em Tal Afar, na província de Nineveh.
"Não existe neste momento qualquer tipo de cooperação directa entre o Irão e os Estados Unidos, mas o que estamos a fazer deve ser visto de um ponto de vista político, no apoio ao Iraque, cujos interesses estão a ser atacados pelos terroristas. Os ataques estão a aproximar-se da nossa fronteira e temos de combater isso. Os Estados Unidos também têm meios para combater a situação e dessa forma apoiarem o Iraque", disse o ministro da Cultura do governo de Teerão.
Ali Jannati acrescentou que os "terroristas" que se encontram no Iraque já combateram na Síria e que Teerão já apoiou Damasco contra os extremistas. "Agora estamos a fazer o mesmo pelo povo iraquiano", sublinhou o ministro iraniano, admitindo que o antigo regime de Saddam Hussein deveria ter sido decidido internamente pelos próprios iraquianos.
O presidente do Irão, Hassan Rouhani, garantiu esta quarta-feira que não vai hesitar se for necessário ordenar uma operação para proteger os lugares santos dos xiitas no Iraque.
Entretanto, o secretário de Estado norte-americano, John Kerry disse na segunda-feira que executivo de Washington está disposto a cooperar com o Irão e admitiu recorrer ao uso de aviões não tripulados (drones) para deter os ataques extremistas no Iraque.