Em França, o verão tem sido frio, mas a ‘rentrée” política é escaldante. O primeiro-ministro apresentou nesta segunda-feira a demissão do executivo ao Presidente, que imediatamente renovou a confiança em Manuel Valls e o incumbiu de “formar um novo Governo” no espaço de 24 horas.
Na origem da crise estão declarações do ministro da Economia. Este fim de semana, numa entrevista ao jornal ‘Le Monde’, Arnaud Montebourg considerou que “a redução forçada dos défices é uma aberração económica, porque agrava o desemprego; um absurdo financeiro, porque impossibilita a recuperação das contas públicas e um desastre político, porque atira os europeus para os braços dos partidos extremistas que querem destruir a Europa”, afirmou o socialista.
Montebourg também apelou a uma “subida de tom” em relação à Alemanha, que está “presa na armadilha da política de austeridade que impôs a toda a Europa”.
Na resposta, o primeiro-ministro considerou, este domingo, que Montebourg “ultrapassou uma linha amarela”, na medida em que “um ministro da Economia não pode exprimir-se nestes termos sobre a linha económica do governo e sobre um parceiro europeu como a Alemanha”.