Religiosos garantem que há falta de comida, de bens básicos e falta de capacidade das populações para enfrentar o Inverno.
A Fundação Ajuda à Igreja que Sofre (AIS) enviou para a Síria 360 mil euros, uma verba destinada a apoiar projectos de carácter humanitário e pastoral.
“Perante o contínuo agravamento da situação humanitária na Síria, fruto de uma violentíssima guerra civil que já causou mais de 190 mil mortos e 6,5 milhões de deslocados, e da cada vez mais fragilizada situação da comunidade cristã, a Fundação AIS decidiu, esta semana, o envio de uma ajuda de emergência de 360 mil euros”, lê-se no comunicado emitido pela fundação.
A AIS garante que o dinheiro “significa uma ajuda preciosa para os cristãos encurralados como em Aleppo, uma cidade esventrada pelas bombas”. Citando Annie Demerjian, da comunidade das Irmãs de Jesus e Maria, a fundação explica que a cidade “vive sob a ameaça de uma morte lenta” e que a ajuda de emergência vai aliviar um pouco as necessidades mais básicas da população da cidade.
De acordo com os relatos da Irmã Annie falta água e electricidade, assim como a distribuição de alimentos como carne, vegetais e fruta fresca.
Noutro ponto do país, em Homs, a situação também é considerada trágica. Metade da população, calculada em cerca de 1,6 milhões de pessoas, já teve de abandonar as suas casas, destruídas pelo conflito, estando agora refugiadas noutras zonas da cidade ou noutras regiões do país.
Parte das verbas da AIS vão chegar às mãos do padre jesuíta Ziad Hilal que continua em Homs. Ziad Hilal quer ajudar cerca de três mil famílias, através da distribuição de um cabaz com produtos básicos de alimentação e higiene. De acordo com os relatos do padre Ziad há mais 15 a 18 mil pessoas, profundamente empobrecidas, que precisam de ajuda imediata para conseguirem sobreviver aos rigores do próximo Inverno.
Além disso, a inflação galopante torna os preços impraticáveis para qualquer um. Como em Aleppo, também em Homs a Igreja ajuda todas as pessoas em necessidade, independentemente da religião, sexo ou, até, do seu eventual posicionamento na guerra civil.
Na semana passada, num relatório das Nações Unidas sobre a Síria, foram denunciados “crimes e guerra e contra a humanidade” perpetrados tanto pelas forças leais ao presidente Bashar al-Assad, como às milícias que o combatem.
Desde que a guerra começou, em Março de 2011, a Ajuda à Igreja que Sofre já disponibilizou 3,5 milhões de euros para a população na Síria e para os refugiados nos países vizinhos, nomeadamente o Líbano, Jordânia e Turquia.