As autoridades da Serra Leoa afirmam ter detetado novos casos de pessoas infetadas com o vírus Ébola, ao segundo dia da quarentena imposta em todo o país e quando seis milhões de habitantes permanecem confinados em casa.
As equipas médicas queixam-se, no entanto, de falta de recursos para atender centenas de pedidos, em especial para proceder ao enterramento das vítimas, quando o Ébola já provocou 562 mortos no país.
Vários observadores independentes e habitantes duvidam, igualmente, da eficácia da campanha porta-a-porta levada a cabo pelo governo para prevenir o vírus.
O coordenador das equipas médicas, Stephen Gaojai, prefere falar de “êxito”: “temos informações de novos casos ainda não confirmados em zonas como Portloko onde há, pelo menos, 22 pessoas infetadas que estão a ser transferidas para o centro de tratamento instalado na academia de polícia de Freetown”.
Uma equipa responsável por enterrar as vítimas foi ontem atacada por um grupo de habitantes, nos arredores da capital, obrigando à intervenção da polícia.
Um caso isolado para Ibrahim Rashid, outro responsável das equipas de emergência:
“As pessoas estão a colaborar com as nossas equipas destacadas para informar a população e prometem pôr em prática as recomendações sobre as formas de prevenir a contaminação”.
Tanto a Serra Leoa como a Libéria, os países mais afetados pela maior epidemia de sempre de Ébola, aguardam agora a ajuda internacional. Uma equipa de 165 médicos cubanos deverá aterrar, este domingo, no país, enquanto os Estados Unidos enviaram, este sábado, um primeiro avião, para a região, com medicamentos e equipamento de prevenção.
A Espanha prepara-se, entretanto, para repatriar um segundo cidadão infetado na Serra Leoa, um missionário católico de 69 anos responsável por um hospital na cidade de Lunsar.
A epidemia, que afeta a região, é responsável pela morte de mais de 2.630 pessoas na Serra Leoa, Guiné-Conacri e Libéria, quando se registam mais de 5.350 pacientes infetados, segundo a OMS.
Um grupo de investigadores norte-americanos da Universidade de Harvard e da Universidade do Arizona publicou, esta semana, um estudo que prevê 6.800 novos casos de Ébola este mês. O documento, que analisa a progressão do número de pacientes nas últimas semanas, interroga-se sobre a eficácia das medidas de confinamento da população que poderiam, “agravar a propagação do vírus”.
Na Arábia Saudita, as autoridades médicas reforçaram os controlos sanitários à entrada do país, em previsão da peregrinação anual a Meca e quando pelo menos 200 nigerianos deverão juntar-se aos dois milhões de fiéis que participam nas cerimónias.