Pela segunda vez desde a revolta de 2011 que derrubou o regime de Ben Ali e inspirou a “Primavera Árabe”, a Tunísia votou este domingo a elaboração de um novo Parlamento nacional. Um vasto número de forças políticas entrou no sufrágio, desde islamitas salafistas conservadores a islamitas moderados e socialistas.
Foi estabelecido entre todos um princípio de acordo de apenas se comentar o sufrágio após o anúncio oficial do escrutínio, mas um dos partidos favoritos, o “Apelo da Tunísia”, como se traduz o nome do Nidaa Tounes, não se conteve e, através do líder, adiantou pouco depois do fecho das urnas possuir fortes indicadores de ter sido o mais votado.
“Nós temos projeções positivas que nos mostram que o Nidaa Tounes, com a vontade de Deus, vai surgir na primeira posição do escrutínio. Mas não podemos falar dos resultados até que os números oficiais sejam anunciados”, afirmou Beji Caid El Sebsi, antigo primeiro-ministro tunisino e atual líder partidário.
Os resultados oficiais devem começar a ser apresentados no decorrer desta segunda-feira. À hora de fecho das urnas, estimava-se uma participação na ordem dos 60 por cento dos eleitores inscritos. Com a chegada a conta-gotas das urnas de votos para a contagem, o escrutínio poderá demorar.
Esta segunda-feira devem começar a ser conhecidos os resultados oficiais. Dos 217 novos deputados, cuja maioria – é quase certo – será composta por uma coligação de várias forças, um deles será eleito pelos demais para primeiro-ministro. Para novembro estão marcadas as presidenciais, com uma eventual segunda volta prevista para dezembro.
Com um crescimento económico previsto para este ano entre os 2,3 e os 2,5 por cento, o novo governo da Tunísia terá de dar continuidade à redução da despesa e afinar o défice no orçamento e propor novos impostos, de acordo com as exigências dos credores internacionais. Importante será também controlar ameaça dos fundamentalistas islâmicos, cuja influência tem aumentado desde a queda do regime de Ben Ali.
Três dias antes destas legislativas, por exemplo, as forças de segurança tunisinas mataram seis pessoas, cinco delas mulheres, na sequência de confrontos com grupos rebeldes islamitas nos arredores de Tunes.