O capitão do "ferry" sul-coreano “Sewol”, que naufragou em Abril, causando a morte a 304 pessoas, na maioria estudantes do ensino básico, foi condenado a 36 anos de prisão.
Segundo a agência France Press, Lee Joon-Seok, de 69 anos, escapou à pena capital pedida pelo Ministério Público, no âmbito de um julgamento que se prolongou por cinco meses.
Além de ter abandonado o "ferry" com centenas de pessoas a bordo, a tripulação foi acusada de ter ordenado aos passageiros que não saíssem dos seus lugares, mesmo quando o navio já se estava a afundar.
O capitão e três outros tripulantes foram julgados por homicídio por negligência grave, uma acusação semelhante ao homicídio em primeiro grau nos códigos penais ocidentais e que na Coreia do Sul poderia chegar à condenação à morte, ainda que esta não seja aplicada no país desde 1997. Onze outros membros da tripulação foram indiciados sob a acusação de abandono do navio e violação das leis de segurança.
Lee Joon-Seok alegou durante o julgamento ter ordenado a um membro da tripulação para fazer um anúncio aos passageiros, pedindo-lhes que colocassem os coletes salva-vidas e saltassem para a água, cerca de cinco minutos antes da chegada do primeiro navio de socorro, para o qual subiu.
"Eu entrei em pânico, era incapaz de fazer o que quer que fosse. Não tomei as medidas apropriadas, o que conduziu à perda de vidas preciosas", admitiu o capitão durante o julgamento.
De acordo com um relatório divulgado pela Procuradoria, a sobrecarga, a incompetência da tripulação e obras de redimensionamento ilegais na estrutura do navio foram as cuasas apontadas para o naufrágio do “Sewol”, ocorrido a 16 de Abril ao largo da ponta sul da península coreana.