O bispo de Maiduguri, na Nigéria, palco de um dos últimos ataques do grupo radical islâmico Boko Haram, diz que o país vive sobre uma “enorme ameaça”, para qual precisa do apoio da comunidade internacional.
Num texto enviado à Agência ECCLESIA, da Fundação Ajuda a Igreja que Sofre (AIS), D. Dashe Doeme lamenta que o massacre de 4 de janeiro, em que terão morrido mais de duas mil pessoas, não tenha ainda merecido uma forte reação por parte do Ocidente.
“Será que o mundo não se comove com a tragédia do povo nigeriano? Até onde iria a indignação do mundo se no ataque contra o jornal Charlie Hedbo tivessem morrido duas mil pessoas?”, questiona o prelado católico, recordando a onda de revolta que surgiu na sequência do atentado terrorista contra o jornal satírico francês.
De acordo com a peça que será publicada na próxima edição do Semanário ECCLESIA, “só no ano passado” terão morrido na Nigéria e às mãos do Boko Haram “mais de 10 mil pessoas”.
E quem escapa aos ataques fica com a sua vida marcada pela imagem do sofrimento, como aconteceu com Mohamed Bukar e Abubakar Gulama, que testemunharam de perto o ataque dos terroristas a Maiduguri.
Quando “começaram as primeiras explosões e rajadas de metralhadora”, Mohamed conseguiu escapar com a sua família de carro.
Já Abubaka teve de fugir “a pé” durante “40 quilómetros” até chegar à cidade de Monguno.
No entanto, na memória retêm imagens comuns: “corpos nas ruas, em todo o lado, gritos por socorro, a cidade em chamas”.
Os membros do Boko Haram, cujo nome significa “A educação não islâmica é pecado”, estão apostados em transformar o norte da Nigéria num grande Estado Islâmico.
Por isso, têm-se também sucedido os ataques às comunidades cristãs e a outras minorias religiosas e étnicas da região.
D. Dashe Doeme adianta que “mais de metade das pessoas já fugiu de suas casas” e “em certas zonas já não há cristãos”.
“O futuro da igreja está em risco”, alerta o bispo de Maiduguri.